José Miguel Sardica, professor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (UCP), disse à Agência ECCLESIA que o regresso às escolas é um momento “importante”, depois da experiência de confinamento, por causa da pandemia.
“Os pais estão naturalmente expectantes, em relação aos seus filhos, mas eu acho que é importante que se volte à escola, dos mais novos aos mais velhos, voltar a ter uma vida que não seja apenas em casa”, refere o docente universitário.
Para o entrevistado da emissão desta segunda-feira no Programa ECCLESIA (RTP2), durante o confinamento “as famílias absorveram muita coisa” e foram muito sobrecarregadas, com as aulas à distância.
“Para a própria sanidade é importante que haja tempos em família e tempos fora, em escola”, assinala, pelo que “se a escola puder ser esse espaço novo, com regras, obviamente, onde se reganhe alguma rotina, alguma normalidade, é muito importante”.
“O confinamento ‘ad aeternum’ é impossível economicamente, socialmente e individualmente, porque ninguém vive sozinho, vivemos com outros e através desses outros”, avança.
José Miguel Sardica sublinha que ainda é difícil prever que impacto é que vão ter, “do impacto da aprendizagem e da socialização”, os últimos seis meses,” de isolamento, de confinamento, de silêncio, de não ver gente, de não ver a turma”.
Uma das consequências visíveis é a perda da “rotina”.
“Já não há rotinas, foram completamente alteradas, e vivemos numa era de incerteza geral”, aponta.
“Vamos retomar atividades normais, mas num novo anormal”, acrescenta o entrevistado.
O docente da UCP alerta ainda para o “impacto invisível” da pandemia na saúde mental, dos jovens aos mais idosos e fala num fenómeno de “eutanásia social” em relação aos mais velhos, dado os vários surtos nos lares de terceira idade.
“A ideia de saber o que se espera limita os danos, mas viver nesta incerteza, sem saber se as coisas vão melhorar ou não, a própria contingência em que cada um vive, é um enorme teste à resiliência, não só física mas espiritual, diria”, diz ainda.
Este domingo, Francisco fez votos de que “o reinício do ano escolar seja vivido por todos com grande sentido de responsabilidade, na perspetiva de um renovado pacto educativo que tenha as famílias como protagonistas e que coloque no centro os jovens”.
“O seu crescimento saudável, bem formado e sociável é condição para um futuro sereno e próspero de toda a sociedade”, referia a mensagem enviada aos participantes na 13ª Peregrinação Nacional das Famílias pela Família a Pompeia e Loreto (Itália).
Em Lisboa, D. Manuel Clemente aludiu ao “início do novo ano escolar, com as cautelas necessárias para docentes, discentes e todos os envolvidos no sistema de ensino”.
Já em Fátima, D. António Marto deixou uma saudação aos mais novos, no final da peregrinação do 13 de setembro, recordando em particular o início do ano letivo.
“Comecem bem este ano escolar, com muita atenção e muita seriedade, cumprindo as normas sanitárias para que não haja contágio nas escolas”, pediu.
(Com Ecclesia)