Por Renato Moura
A nível mundial estamos confrontados, permanentemente, com radicalismos e extremismos de toda a espécie. Figuras investidas de grandes responsabilidades não param de nos aterrorizar, seja Trump ou Bolsonaro. São pavorosas as notícias que nos chegam sobre a eventualidade do líder da oposição russo ter sido envenenado, bem como o desaparecimento de figuras da oposição na Bielorrússia. Aparentemente o mundo corre para o abismo, com altos responsáveis a não honrarem a missão, com ditadores a desrespeitarem os mais elementares direitos dos homens.
Procuram esquecer Deus e nem sequer ouvem a sua própria consciência, pois por mais embotada que esteja, ainda assim os alertará. A liberdade deveria ser vista como um fim político, mas há políticos a espezinhá-la para atingir ou manter o poder. Mantém-se infelizmente verdadeira a afirmação: “o poder tende a corromper; e o poder absoluto corrompe absolutamente”.
Mas a tendência para os extremismos vai agravar-se brevemente, também em Portugal. Um pretexto será a campanha eleitoral para a presidência da República.
Os portugueses sentem-se assombrados perante uma multiplicidade de questões: insuficiência das políticas públicas para resolução dos problemas; tardia resposta ou falha funcional das instituições; penúria no combate ao crime económico e financeiro; falta de eficácia na fiscalização das fraudes bancárias; instalação e ineficácia, se não incúria, dalguns eleitos nos quais se confiaram poderes e obrigações.
Virão à ribalta aqueles e muitos outros temas. Tenderão alguns a empolar e dramatizar e serão acusados de extremistas e populistas. Procurarão outros disfarçar insuficiências, diminuir culpas e também extremar sublimando tomadas de posição porventura incorrectas, ou até a ausência delas. Uns extremismos tendem a gerar outros.
Realmente o discurso populista é frequentemente demagógico, mas só grassa e arrasta quando nele se vislumbra algum fundo de verdade, se interpreta como melhor forma de defesa dos interesses, de resolução das reivindicações; quando o povo o vê como denúncia, se confirma realidades, quando credita a adesão para bulir com aquilo e aqueles que é preciso debelar.
Os poderes e os políticos, por acções, omissões ou práticas, também estendem o tapete para o avanço dos extremistas. Assim, a melhor forma de combater os populismos é evitar os desvios onde procuram alicerce. É indispensável afirmar e provar – não apenas no discurso, mas na prática – a democracia como capaz de gerar respostas eficazes e duradouras.