Pelo Pe José Júlio Rocha.
«Fica connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». (Lucas 24, 29)
A tentação da noite pode invadir-nos a alma. Há uma espécie de solidão dentro desta esperança de que tudo vai mudar. E há também o medo. A pergunta “quando termina isto tudo?” torna-se intensa e obsessiva. Dúvida e incerteza podem fazer fraquejar o nosso coração. Os discípulos de Emaús (Evangelho de hoje) descem de Jerusalém e o caminho para a sua pequena aldeia é sempre a descer. Braços caídos e amargurados pela morte de Jesus, descem, vazios, aquela escada de solidão.
Jesus acompanha-os, mas eles não O reconhecem. Talvez como nós que, nesta grave encruzilhada da vida, não damos conta de que Ele está sempre connosco.
E é quando batem no fundo, quando escurece, por fora e por dentro da alma, que, de um deles, sai o apelo angustiado e, ao mesmo tempo, cheio de esperança: “Fica connosco, Senhor, porque anoitece!”
E Jesus ficou. Como fica sempre. Como estará sempre connosco, mesmo que a noite se adense e o dia tarde em amanhecer. Há de amanhecer. E Jesus não nos deixará a mão.