Por Monsenhor José Medeiros Constância
A nossa Diocese celebra a três de Novembro deste ano quatrocentos oitenta e seis anos da sua criação. Estamos, pois, a catorze anos da celebração dos seus quinhentos anos de existência – meio milénio de Igreja Católica no mundo dos Açores -.
Não devemos olhar para este acontecimento histórico que é grande, de uma maneira gloriosa. Trata-se, sem dúvida, de um marco importante que juntará o passado, presente e futuro da nossa Igreja na reflexão, celebração e compromisso. Os anos que nos separam de tão grande evento, devem constituir uma caminhada de verdadeira sinodalidade local.
Em primeiro lugar, o mundo das nossas ilhas, cruza-se e casa-se com a história da Diocese. Neste sentido, não se pode fazer a história das nossas ilhas, sem fazer a história da nossa Igreja, dadas as interferências mútuas.
Há necessidade de se escrever a nossa história de uma maneira certa, crítica, naquilo que foram as suas luzes e glórias e também as suas sombras. Temos necessidade de uma obra boa que dê a história da nossa Igreja local e a abra ao futuro.
Não devíamos chegar aos 500 anos da celebração da Diocese, sem o aparecimento deste contributo, que mostrasse a vivência da Igreja no mundo das nossas ilhas, nas suas diferentes etapas históricas e nos modelos eclesiais e pastorais por ela vivida, desde as suas origens, passando pelo 1º Sínodo nela realizado, até chegarmos à época moderna e à atualidade com a vivência do Concílio Vaticano II e os quase sessenta anos do post-Concílio.
Uma História da Igreja dos Açores que nos dê todos os fundamentos do seu passado histórico, a riqueza da sua originalidade evangélica através dos tempos e como o «Cristianismo Católico» se inculturou no ser e agir deste povo.
Esta obra nos volumes que trouxer, far-nos-á descobrir que a Igreja Una Santa Católica, Apostólica é Açoriana, tem um rosto próprio, um rosto açoriano. Somos uma Igreja Local.
A ideia, a vontade e a decisão de uma História da Diocese de Angra que não seja só a história dos seus Prelados (neste sentido temos a obra do Cónego José Augusto Pereira) mas de todo o povo de Deus vai ganhando força e oxalá que alguém a concretize.
Ao mesmo tempo que, será uma obra de valor histórico, será também um instrumento de trabalho que os Agentes de Pastoral atuais poderão utilizar, para colocarem a nossa história eclesial ao alcance de todos, projetando luz no presente e abrindo-nos ao futuro.