Casamentos de Santo António adiados.Compromisso da Igreja e da Junta de Freguesia de Santa Cruz, na diocese de Angra, é possibilitar um casamento de Santo António ao único casal inscrito este ano, numa data mais oportuna
As celebrações populares do Santo António vão ter este ano alterações provocadas pela pandemia de Covid-19, sem arraiais nem marchas em que o centro será a figura do franciscano português, doutor da Igreja.
Por isso, por exemplo, os tradicionais casamentos de Santo António na paróquia de Santa Cruz, na ouvidoria da Lagoa, ilha de São Miguel não se realizarão este ano. No entanto, o padre Nuno Maiato, pároco de Santa Cruz, já avançou ao Igreja Açores que há um compromisso com estes noivos que deve ser respeitado logo que se possa.
“As festas foram canceladas mas se houver condições até à festa do próximo ano vamos procurar manter todo o apoio e dignidade para que a festa deste casamento seja ainda feita este ano, se as condições o permitirem” avançou ao Igreja Açores o padre Nuno Maiato.
Os noivos de Santo António na Lagoa já têm tradição. Pelo menos há quatro anos que há esta iniciativa, em que os casais se inscrevem na junta de freguesia de Santa Cruz até ao mês de dezembro anterior. A Junta e a paróquia fazem uma seleção dos candidatos e escolhem quatro no máximo. Este ano, só um estava marcado.
“Há 25 anos que a junta e a paróquia organizam as festas de Santo António e de há uns a esta parte temos também realizado os casamentos. Geralmente são pessoas de fé, devotas de Santo António que querem muito casar nesta data”, esclareceu ainda o sacerdote ao sublinhar que isto é possivel também porque são poucos os pedidos que chegam.
Os casamentos de Santo António são particularmente característicos de Lisboa, mas este ano as cerimónias não serão celebradas. Acresce que os arraiais, por causa dos ajuntamentos que proporcionam, este ano também não serão realizados.
Mas para assinalar o Santo António cujo dia se celebra a 13 de junho, o Papa convidou os católicos a imitar a vida deste santo tão popular, numa mensagem enviada ao ministro-geral da Ordem dos Frades Menores Conventuais por ocasião dos 800 anos da vocação franciscana do santo português.
Francisco dirige-se em particular aos “religiosos e devotos franciscanos de Santo António espalhados pelo mundo”, para que possam “experimentar a mesma santa inquietação que o levou pelas estradas do mundo a testemunhar, com palavras e obras, o amor de Deus”.
A carta, divulgada pelo portal de notícias do Vaticano, destaca o exemplo do religioso português perante “as dificuldades das famílias, os pobres e desfavorecidos”, bem como a “paixão pela verdade e justiça”.
O Papa considera que a vida de António, “santo antigo, mas tão moderno”, ainda hoje pode “suscitar um generoso compromisso de doação, em sinal de fraternidade”.
“É necessário ver o Senhor no rosto de cada irmão e irmã, oferecendo a todos consolação, esperança e a possibilidade de encontrar a Palavra de Deus sobre a qual ancorar a própria vida”, escreve.
Francisco recorda que há 800 anos, em Coimbra, o jovem Fernando, natural de Lisboa, ao saber do martírio de cinco franciscanos, mortos por causa da fé cristã no Marrocos, decidiu “transformar a sua vida”.
O religioso deixou a sua terra e embarcou numa viagem, “símbolo do seu próprio caminho espiritual de conversão”, explica.
“Primeiro foi para Marrocos, determinado a viver corajosamente o Evangelho nos passos dos franciscanos ali martirizados; depois desembarcou na Sicília, após um naufrágio nas costas da Itália, como acontece hoje com tantos dos nossos irmãos e irmãs”, escreve o pontífice.
O Papa considera que foi um “desígnio providencial de Deus” que levou António ao encontro de Francisco de Assis.
Fernando Martins de Bulhões nasceu, em Lisboa, por volta de 1195; depois de ter recebido a primeira instrução junto à Sé, aos 15 anos, entra no Mosteiro de São Vicente de Fora, onde prossegue a sua formação; ingressaria depois no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, sendo ordenado sacerdote, aos 25 anos.
Em fevereiro de 1220, chegam ao Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, as relíquias dos cinco missionários franciscanos que tinham sido martirizados, em Marrocos; o religioso troca o mosteiro de Santa Cruz pelo pobre ermitério de Santo Antão dos Olivais, muda de nome e assume o de António.
Instituições religiosas e públicas nas cidades de Coimbra e Lisboa estão a celebrar Jubileu dos 800 anos de Santo António como franciscano.
Santo António nasceu em Lisboa, em 1195, numa casa situada a poucos metros da catedral; entrou no mosteiro agostiniano de São Vicente, onde viveu durante dois anos antes de integrar a comunidade de Coimbra.
Em setembro de 1220, Fernando deixou os agostinianos para integrar a ordem dos franciscanos, onde assumiu o nome de António, pelo qual é hoje conhecido.
Na Itália, destacou-se como pregador e primeiro professor de Teologia da ordem franciscana recém nascida; faleceu em 1231 e foi sepultado em Pádua, tendo a sua fama de santidade levado o Papa Gregório IX a canonizá-lo, a 30 de maio de 1232.
Em 1946, Pio XII proclamou-o como “doutor da igreja universal”, com o título de ‘Doctor Evangelicus’ (Doutor Evangélico).
(Com Ecclesia)