Por Renato Moura
A CGTP levou a sua avante e realizou na rua o 1.º de Maio. Com centenas de pessoas, vindas doutros concelhos. Diz ter cumprido a lei e as regras impostas pelas autoridades de saúde. Significa que o Governo, inconsistente no critério, permitiu a concentração de pessoas que se propusera impedir; até barrando os cidadãos em geral de sair dos seus concelhos. Indigna ver o Governo do País vergado perante a CGTP e o PCP.
Obviamente que a celebração foi permitida pelo Decreto do Presidente da República, nos precisos termos da iniciativa presidencial, estabelecendo uma derrogação sobre o estado de emergência. Como interpretar Marcelo Rebelo de Sousa, perante a justa contestação, tentar agora demarcar-se e isolar o Governo, pois esperaria uma celebração mais “simbólica e restrita”?!
As recentes declarações da Ministra da Saúde, dizendo admitir a “possibilidade” das celebrações católicas dos dias 12 e 13 de Maio, em Fátima, se realizarem, no caso de serem uma opção dos organizadores e cumpridas as regras sanitárias, não podem ser tomadas a sério. Brinca-se com coisas sérias, ou foi a tentativa de entalar a Igreja Católica?
A resposta da Igreja foi a serenidade, o bom senso: nas atitudes e também na moderação das palavras.
Aliás o Santuário de Fátima, há mais de um mês, anunciara que a Peregrinação Internacional Aniversária de Maio, este ano, se realizará sem a presença física de peregrinos. A Igreja teve a consciência sobre o risco de propagação do vírus responsável pela Covid 19. Como vincou o bispo de Leiria-Fátima, a decisão “decorre da responsabilidade de fazer o que está ao seu alcance para não colocar em perigo a saúde pública, em sintonia com o mandato evangélico do amor ao próximo”.
Nem a CGTP, nem os sindicatos representam todos os trabalhadores portugueses. Assim visto, os direitos de que se arrogaram os dirigentes e os participantes da CGTP, acabaram por ser uma afronta: à população impelida ao cumprimento de regras; aos trabalhadores não sindicalizados; a quantos não se reveem na CGTP; até aos seus não privilegiados pelo convite.
A permissiva excepção violou a igualdade, acarretou perda de autoridade e afrontou os cumpridores.
A decisão da Igreja Católica de celebrar sem multidão, como exemplarmente já fizera o Papa, é prudente, evita riscos, é uma postura de responsabilidade. É um sinal de defesa dos valores. Revela respeito pelos princípios gerais estabelecidos pelas autoridades civis.
É uma atitude de respeito perante todos. Tal como por todos, sem excepção, se rezará em Fátima