A Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais publicou hoje uma nota em que destaca o “serviço fundamental” dos media durante a pandemia de Covid-19.
“A par com tantos heróis que estão na linha da frente a salvar vidas e acompanhar os que são mais excluídos e isolados, teremos de reconhecer e louvar o serviço fundamental e imprescindível da comunicação social. Toda ela, mas de modo especial a de proximidade como seja a comunicação social regional”, refere o documento, enviado à Agência ECCLESIA pelo organismo da Igreja Católica em Portugal.
A comissão destaca as dificuldades que atingem o setor dos medias e apelam ao apoio das autoridades públicas, como reconhecimento ao trabalho desenvolvido pela Comunicação Social “na coesão nacional, na promoção cultural, na relação que estabelecem entre cidadãos que que estão fora do seu país”.
“Sentimos vivamente o apelo, e fazemo-lo nosso, que se tem feito sentir sobre a carência de meios e as dificuldades económicas por que estão a passar”, acrescenta a nota.
A Igreja Católica assinala a 24 de maio o 54.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, este ano sem a celebração comunitária da Missa, devido à pandemia, pelo que se sugere que a recolha de donativos para os secretariados do setor (a nível nacional e em cada uma das dioceses) se faça “num domingo que seja mais oportuno”, não sendo possível no dia próprio.
“As exigências que se colocam à comunicação social em geral e da Igreja em particular, apelam para que todos os cidadãos reflitam e sintam a sua importância na sociedade e na cultura atuais; mas de modo particular este apelo é lançado aos cristãos de forma a valorizarem com a sua atenção e contributo os meios de comunicação social da Igreja”, refere o documento.
O desafio da Comissão Episcopal estende-se a todos os que reconhecem a “importância da presença da Igreja no cenário comunicativo”, com o seu contributo em favor de “uma comunicação mais digna da pessoa humana e do bem comum”.
“Com escassos meios, mas com profissionais generosos e zelosos no desejo de comunicar, de oferecer a notícia, de auscultar as necessidades das populações mais distantes e esquecidas, e alertando para o dever de justiça e de partilha para com os que não têm voz nem vez na sociedade”, indica a nota.
Perante “restrições sociais, económicas e religiosas únicas na história”, ganha maior importância a “exigência da verdade, da dignidade da pessoa e do bem comum” no trabalho dos media.
“Na situação atual que vive a humanidade em geral e o povo português em particular, urge a Boa Notícia que integre o respeito absoluto pela verdade dos factos mas igualmente alimente a esperança no futuro melhor alicerçado no testemunho de tantos dos nossos antepassados que nos deixaram uma história narrada de heroicidade”, refere ainda.
A mensagem do Papa para esta celebração, divulgada em janeiro, alertava para as narrativas “falsas” e “devastadoras” que marcam a comunicação atual, apelando a um maior espaço para “boas histórias”.
“Numa época em que se revela cada vez mais sofisticada a falsificação, atingindo níveis exponenciais (o ‘deepfake’), precisamos de sabedoria para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas”, escreve Francisco.
O texto tem como tema “‘Para que possas contar e fixar na memória’ (Ex 10, 2). A vida faz-se história”, centrando-se no papel central que a “narração” tem na história do ser humano.
A Comissão Episcopal da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais é constituída por D. João Lavrador (presidente), bispo de Angra; D. Amândio Tomás, bispo emérito de Vila Real; D. Nuno Brás, bispo do Funchal; D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto; e Paulo Rocha (secretário), diretor da Agência ECCLESIA.
(Com Ecclesia)