Por Renato Moura
O mundo está sob a ameaça da pandemia do Covid19. Por todo o mundo se começam a sofrer as consequências da doença, ou a evidente preocupação sobre o que poderá acontecer. Portugal já chora mortes, confronta-se com a doença que alastra de forma exponencial, busca soluções para contenção e tratamento. Aparentemente os órgãos de poder, instituições, entidades, empresas e muitos cidadãos mostram-se responsáveis e mobilizados perante a calamidade pública. Mas também se notam sinais de dúvida, alguma desorientação e até pânico; ou atitudes incompreensíveis.
Já se decretou o estado de emergência em Portugal. E bem, se isso era indispensável ou possa contribuir para prevenir o avanço da doença, para a eficácia na protecção da vida, para fazer mais e melhor. Ou se pode contribuir para responder ao alarme social, para repor a serenidade e a esperança ameaçadas pela crise colectiva.
É unânime que não há decreto presidencial, nem lei, milagrosas. Combate e perseverança são indispensáveis; e o Primeiro-ministro reconhece que o Governo não é omnisciente.
Ao longo dos séculos, face às grandes calamidades, os homens humildemente reconheceram as suas limitações; e sempre suplicaram a ajuda essencial da divindade.
Aos cidadãos em geral cabem as obrigações impostas pela lei e o cumprimento dos deveres cívicos e de solidariedade.
Mas os cristãos podem e devem ir mais além. Para opor ao inimigo que ataca insidiosamente, existe a “arma” da oração. E podemos orar por inúmeras intenções. Rezar para que Deus inspire os governantes e todos os que podem decidir, sejam eles crentes, agnósticos ou ateus. Orar para que Deus ajude e proteja os profissionais de saúde, que arriscam morrer na defesa da vida dos outros; para que o Espírito Santo ilumine os técnicos e os cientistas no encontro dos tratamentos e das vacinas eficazes. Rezar para que empresários e grupos poderosos se disponham a contribuir. Pedir pela cura dos que estão doentes e alívio na dor física ou moral; para que Jesus nos ensine a praticar a solidariedade. Rezar para que não haja tentativas de aproveitamento político da situação; para que não haja tentações de vantagem económica ou abuso. Pedir para que os jornalistas informem, sem massacrar. E muito mais!
Que a par de toda a acção, não haja vergonha de orar. Tenhamos presente o Evangelho segundo São Lucas (11,9-10): “Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e hão-de abrir-vos; porque todo aquele que pede recebe; quem procura encontra, e ao que bate, abrir-se-á”.