Todas as principais religiões do mundo tentam encontrar formas de unir os fieis sem celebrações comunitárias por causa do COVID-19
As principais religiões mundiais adotaram uma resposta similar perante a pandemia de Covid-19, atenuando as diferenças existentes e aproximando-se nas preces de proteção dos seus fiéis perante esta nova ameaça global.
Embora nem todos reagissem ao mesmo tempo, católicos, muçulmanos, hindus, budistas ou judeus foram confrontados com a necessidade de impor restrições muito profundas nos seus cultos ou mesmo avançar com a suspensão de atos e encerramento dos locais religiosos, considerados como prováveis focos de contágio inicial em alguns países, como China, Coreia do Sul ou Irão.
A primeira medida de grande impacto internacional veio da comunidade muçulmana, quando em 04 de março a Arábia Saudita proibiu cidadãos e residentes de realizarem a peregrinação a Meca, no sentido de travar a propagação do novo coronavírus. O anúncio seguiu-se a um conjunto de outras medidas restritivas adotadas no final de fevereiro, como a suspensão temporária da entrada de visitantes nas cidades sagradas de Meca e Medina.
De igual modo, a decisão do Vaticano de suspender todas as cerimónias com fiéis até à Páscoa, oficializada no último domingo, assinalou para os católicos a premência do isolamento e foi uma mensagem simbólica para as igrejas católicas de todo o mundo. Não apenas em Itália, um dos países mais afetados pela pandemia e que já regista mais de 3.000 mortos, mas por todo o globo.
A solução encontrada pelo Papa Francisco – que, numa imagem inédita, foi visto a caminhar só com os seguranças pelas ruas desertas de Roma – foi a transmissão das suas audiências gerais e as recitações do Angelus através da Internet.
A preocupação com a religião perante a pandemia foi muito cedo considerada na China, onde uma das primeiras medidas de Pequim passou pelo encerramento de todos os locais de culto.
Na Coreia do Sul, considerada uma referência na contenção da propagação do novo coronavírus, a Igreja Católica suspendeu todas as missas pela primeira vez em 236 anos de história no país e os templos budistas adotaram também o cancelamento dos eventos previstos.
Paralelamente, entre os hindus manteve-se a realização na semana passada do festival anual Holi, um evento que celebra a chegada da primavera e no qual muitos milhares de pessoas se costumam juntar na Índia e entre a diáspora indiana. As celebrações foram ensombradas pelo receio da propagação da Covis-19 e muitos seguiram o conselho do primeiro-ministro, Narendra Modi, que decidiu não participar este ano, ou comparecendo com máscaras.
Só nos últimos dias é que muitos templos hindus na Índia fecharam mesmo as portas ou restringiram a entrada de visitantes face a esta emergência de saúde global, num momento em que o país regista mais de 200 casos e pelo menos cinco mortes.
A comunidade judaica foi também afetada pelo novo coronavírus, com Israel a contabilizar mais de 700 casos, mas ainda nenhuma vítima mortal. O país, que tem vivido um clima de indefinição política, colocou em vigor medidas de contenção, restringindo a circulação de pessoas e a sua concentração em eventos públicos, embora tenha mantido o direito de protesto, desde que sejam respeitadas as orientações das autoridades de saúde israelitas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 250 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 10.400 morreram.
Das pessoas infetadas, mais de 89.000 recuperaram da doença.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 182 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
(Com Lusa)