Gonçalo Brum é do Pico e procurou fazer um símbolo que tivesse em conta a unidade entre as ilhas
A igreja diocesana dos Açores foi desafiada para iniciar uma caminhada sinodal e por detrás da conceção da imagem gráfica está um jovem seminarista do Pico. Gonçalo Brum, que é natural da Piedade, na ilha do Pico e frequenta o terceiro ano do Seminário Episcopal de Angra, explica ao Igreja Açores que “a primeira preocupação foi encontrar algo que fosse transversal a todas as Ilhas “ pois “só assim teríamos um símbolo verdadeiramente diocesano – e que ao mesmo tempo se enquadrasse no tema proposto: algo leve e simples, que não fosse demasiado pesado à vista”.
No entanto, “foi difícil encontrar qualquer coisa que dissesse algo a todas as ilhas, dada a enorme diversidade cultural que temos nos Açores” refere sublinhando que o elemento que do ponto de vista criativo lhe surgiu quase de imediato foi a ideia de uma flor, por representar a beleza da natureza tão característica destas ilhas atlânticas.
“Uma flor por duas razões: por ser algo presente em todas as ilhas, e por se tratar de uma espécie que parte sempre de um centro, ou seja, todas as partes estão unidas no mesmo ponto de conversão”, refere.
“9 Ilhas, 9 pétalas – foi instintivo. E cada qual, logicamente, com a cor que culturalmente lhe é atribuída. Com o pormenor de que nenhuma é 100% opaca e que permite sempre transparecer a anterior e a posterior, marcando assim a igualdade e união entre todas. 9 pétalas, todas iguais, mas todas diferentes e com algo em comum: o caule. O caule é Jesus, na Cruz, mostrando-nos assim qual o caminho a seguir no seu duplo sentido da caminhada horizontal e vertical, relação com Deus e relação com os irmãos, respetivamente” esclarece.
“É deste caule que esperamos que todas as pétalas procurem alimento e vigor, pois só assim estaremos a dar continuidade à Sua missão”, frisa acrescentando que “com o intuito de dar algum movimento ao objeto vetorial, a flor foi colocada ligeiramente na diagonal com um ângulo em perspetiva. Trata-se de uma composição de desenho vetorial original, criado nas seguintes ferramentas digitais: Adobe Illustrator e Adobe Photoshop”, explicita ainda o jovem seminarista que é também o responsável há dois anos consecutivos pela criação dos suportes visuais que dão corpo à campanha da Quaresma desenvolvida pelo Serviço Diocesano da Catequese.
“Num tempo em que tudo parece relativo e em que muitos se consideram detentores da verdade, faz todo o sentido a interpelação que nos fazem com a caminhada sinodal da Diocese de Angra, subordinada ao tema “A Beleza de caminharmos JUNTOS em Cristo”, adianta ainda Gonçalo Brum ao afirmar que o meio eclesial, “muitas vezes”, caracteriza-se por “um certo individualismo, fruto da excessiva consideração do ego como autossuficiência, ou seja, da convicção de que não precisa dos outros”.
“É verdade que Jesus enviou os Discípulos dois a dois e é verdade que não foram enviados todos juntos para o mesmo sítio, mas o que há a ressalvar é que não os enviou para que cada qual ensinasse a doutrina que achasse melhor, mas sim a verdadeira doutrina, a doutrina que o próprio Ele lhes tinha ensinado com a vida. Pois bem, não devemos guiar-nos pelas nossas próprias doutrinas, mas viver e ensinar a sã doutrina e assim, todos juntos, alcançar o Reino dos Céus”, conclui.
Esta imagem gráfica que foi concebida para a apresentação das orientações diocesanas para o ano pastoral em curso estará em destaque nas conclusões da próxima assembleia que se realizará em São Miguel de 30 de abril a 3 de maio e que reunirá pela primeira vez na história da dioceses os membros dos conselhos Presbiteral e Pastoral Diocesano, que terá como instrumento de trabalho a síntese feita pela Comissão de Coordenação da Caminhada Sinodal, liderada pelo cónego Hélder Fonseca Mendes, a partir dos contributos das diferentes unidades pastorais, desde as ouvidorias aos movimentos e aos institutos religiosos de vida consagrada.