Comunidades de Arrifes, Covoada e Relva querem aproximar a igreja das pessoas e apostam no “coaching espiritual”
Tornar a Igreja mais próxima, acolhendo a diferença e a pluralidade, e acompanhar de forma mais fortalecida os cristãos são algumas das propostas das comunidades paroquiais dos Arrifes, Covoada e Relva, que na passada segunda feira estiveram reunidas em conjunto para refletir sobre os instrumentos de trabalho propostos para a Caminhada Sinodal.
De acordo com uma nota enviada ao Igreja Açores pela Comunidade paroquial dos Arrifes, no discernimento da Identidade Religiosa e Eclesial, “foi de comum acordo a necessidade de uma nova linguagem, de uma mudança de mentalidades, da eliminação de preconceitos, de uma descomplicação orgânica e burocrática”.
“A Igreja foi identificada como rotineira, pelo que se evidenciou a necessidade de mudança, principalmente dos que estão mais próximos. Para o efeito, considerou-se importante e necessária a formação para fortalecer a Evangelização”, contudo, referiu-se que formações até agora existentes, “não são apelativas, pelo que se propôs a aposta no `Coaching Espiritual´”.
A opção das cinco paróquias refletirem em conjunto, para analisar e responder ao documento preparatório da Caminhada Sinodal, proposto pela Comissão Diocesana responsável pelo processo, partiu dos párocos, padres Davide Barcelos (prior dos Milagres, Saúde e Piedade, nos Arrifes) e Bruno Espínola (prior da Relva e da Covoada), a que se juntaram os membros dos Secretariados Permanentes dos Conselhos Pastorais, que representam as comunidades.
“Foi um diálogo sério, profundo e interativo em que foram auscultados, permitindo, assim, uma leitura real da atual situação cultural, socioeconómica e eclesial”, refere a nota.
Além de um pronunciamento sobre a situação eclesial da diocese, os participantes na referida reunião refletiram sobre a cultura contemporânea, fortemente influenciada pelas redes sociais e pela globalização, ambos apontados como “as grandes responsáveis pela perda de identidade e dos valores sociais, pelo automatismo das coisas, pelo predomínio do individualismo e pela indiferença em relação a tudo e a todos”.
“Constatou-se também que, no seio familiar, o facto das mulheres ingressarem no mercado de trabalho, originou grandes alterações culturais. Neste contexto, e por forma a reforçar os valores Cristãos, as conclusões apontaram para a necessidade de um verdadeiro acolhimento e sobretudo de coerência cristã” refere a nota enviada ao Igreja Açores.
Já no campo da reflexão sobre a situação social e económica, os participantes destacaram o facto das suas comunidades serem zonas marcadamente “suburbanas, onde têm vindo a nascer bairros, alguns com bastante dificuldades nas relações interpessoais e com pobreza”. Foram também mencionadas situações de violência doméstica e de violação dos direitos do idoso.
“A realidade evidenciada foi a de que, apesar das comunidades terem algumas valências a trabalhar a vertente caritativa, nos últimos tempos descansaram em Instituições como as Casas do Povo estas funções, pelo que concluiu-se que seria importante a Igreja desenvolver esforços para criar mais instituições de caridade e até mesmo ter um papel primordial na união de todas as Instituições e Movimentos Religiosos, por forma a trabalharem em conjunto e assim poderem chegar a todos os casos com necessidades identificadas”, conclui a nota.
Desta reunião de trabalho, foi elaborado um documento, que será remetido ao Conselho Pastoral da Ouvidoria de Ponta Delgada.
(Com Goreti Freitas)