Odília Borges é uma das catequistas da ilha Terceira que aderiu ao projecto do Patriarcado de Lisboa, chancelado pela Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé
Catequista na ilha Terceira há mais de duas décadas, nomeadamente na paróquia de Porto Judeu, Odília Borges é uma entusiasta do projecto Say Yes, destinado aos adolescentes, promovido pelo Patriarcado de Lisboa e chancelado pela Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, que começou para mobilizar os jovens rumo à Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa em 2022, mas que veio para ficar.
“O projecto convida-nos a regressar à origem mas este é o caminho: fazer os jovens experimentarem que tudo o que é bom e que eles gostam está em Cristo”, refere ao programa de Rádio Igreja Açores Odília Borges.
“Este projeto já era sonhado há muito tempo: um dia haveria de chegar esta lufada de ar fresco na Igreja e é um privilégio fazer parte da equipa que está a desenvolver este projecto” refere a catequista que é mãe de um adolescente e, por isso, reconhece que tem a tarefa facilitada.
“Sei o que eles gostam e desejam. Agora tenho uma ferramenta que a Igreja me dá para poder ir ao encontro deles”, refere lembrando que o projecto ainda tem algumas afinações a fazer mas é como tudo “o que está no inicio”.
Na ilha, onde está sediada a equipa diocesana do Serviço de Apoio à Evangelização, Catequese e Missão, liderado pelo padre Jacob Vasconcelos, são cerca de seis as paróquias que estão a implementar este modelo de catequese para a adolescência.
Este projecto inovador, que se apresenta como alternativa ao modelo tradicional de catequese, ainda em vigor, é um novo projecto catequético para adolescentes, dos 12 aos 16 anos, que “procura ser uma proposta pedagógica”, um caminho para chegar a esse grande acontecimento de encontro, formativo e cultural que a Igreja Católica dinamiza ao longo de uma semana. O itinerário é um percurso pela história das jornadas, seguindo aquilo que são os passos essenciais da catequese: a atenção à experiência da vida, a iluminação dessa experiência no encontro com a Palavra de Deus e na oração, o compromisso generoso na missão. Está estruturado em três anos, cada um com cinco etapas, um total de 15 etapas, que correspondem aos encontros dos jovens com os Papas – João Paulo II, Bento XVI e Francisco – nas edições internacionais das Jornadas Mundiais da Juventude entre 1986 e 2019.
A metodologia de trabalho segue um esquema mensal, por exemplo, na primeira semana, os adolescentes vão ter contacto com a mensagem que o Papa escreveu aos jovens para um determinado encontro; na segunda semana trabalham um texto bíblico fundamental sobre essa temática, depois de serem confrontados com a mensagem, com aqueles desafios que a mensagem traz, hoje, referem os responsáveis.
Nas duas últimas semanas de cada mês, os adolescentes “têm uma experiência de oração” e depois começam “a desenhar e a construir um projeto de intervenção”, que “é a grande novidade” deste projeto com adolescentes “ao envolvê-los e dar-lhes a possibilidade de serem protagonistas do seu próprio caminho catequético”.Os adolescentes vão poder escolher formas concretas para pôr em prática aquilo que são os exercícios de missão, de evangelização, de serviço à comunidade e de crescimento em grupo, combatendo aquela noção da catequese muito escolar e que acaba.
O caminho “é o mais natural” refere Odília Borges que fala dos gostos dos adolescentes: festa, comida e amigos. “A receita é usar isto na catequese e, então, a partir do episódio de Emaús criámos um pequeno almoço e sentámos os jovens à mesa. A mesa é muito importante no itinerário cristão”, explica.
“Antes 45 minutos na catequese pareciam uma eternidade; agora uma hora e meia não dá” refere ao acrescentar: “a maior lição que o Say Yes me deu foi no dia em que cheguei à sala e disse que na próxima semana não haveria catequese porque teria de ir a uma consulta e eles responderam yes, mas… vamos consigo. Foi por altura do Natal e foi difícil arranjar tudo mas a verdade é que eles foram, esperaram por mim e depois aproveitámos e fomos à Sé. Ou seja, em tudo Deus fala e eles que, à partida podiam estar pouco receptivos a falar de Deus, compreendem este Deus que está presente no seu quotidiano”, esclarece.
“O que este projeto de catequese tem de bom é que permite-nos exercitar a espontaneidade que é o que os jovens gostam”.
“O futuro vai mostrar-nos que este é o caminho” conclui.
A entrevista com esta catequista pode ser ouvida aqui.