Decreto reconhece «virtudes heróicas» do sacerdote que viveu entre 1887 e 1956, data em que a obra nos Açores se fixa nas instalações das Capelas, cinco anos depois de ter chegado aos Açores
O Papa Francisco aprovou a publicação do decreto que reconhece as “virtudes heróicas” do Padre Américo, fundador da Obra da Rua, anunciou hoje o Vaticano.
Américo Monteiro de Aguiar, conhecido como padre Américo, institui a Obra da Rua em janeiro de 1940, com a fundação da primeira Casa do Gaiato; o sacerdote nasceu em Galegos, Penafiel, a 23 de outubro de 1887, e faleceu no Hospital de Santo António, Porto, a 16 de julho de 1956, tendo sido sepultado na Capela da Casa do Gaiato de Paço de Sousa, Penafiel.
O reconhecimento das “virtudes heroicas” é um passo central no processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade; para a beatificação, exige-se o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do agora venerável.
O fundador da Obra da Rua, uma das figuras mais conhecidas da Igreja Católica em Portugal no século XX, dedicou a sua vida aos mais pobres, especialmente os jovens em risco, acolhidos nas Casas do Gaiato, e aos doentes incuráveis.
A conhecida Obra do Padre Américo chegou aos Açores em 1951, 11 anos depois de ter sido aberta a primeira Casa do Gaiato fundada a 7 de janeiro de 1940 em Miranda do Corvo.
A Casa do Gaiato de São Miguel, nos Açores, também apareceu pela mão do Padre Américo, a pedido do Engenheiro Pedro Cymbron, Presidente da Junta Geral de Ponta Delgada. Surgiu em 1951, nas instalações da antiga estação agrária, em São Gonçalo, sendo dirigida pelo Padre Elias. Com o aumento do número de crianças acolhidas, são inauguradas, a 2 de abril de 1956, as novas instalações da Casa do Gaiato, na vila das Capelas, concelho de Ponta Delgada, pelo Padre Américo, naquela que foi a sua terceira e última viagem a São Miguel. A instituição fica então a cargo do Padre Elias, com o apoio do Padre Raul. No ano de 1974, com o falecimento do Padre Elias, a instituição passa a ser gerida pelo Padre Raul, até outubro de 2002. Nesta data, assume temporariamente o cargo o Padre José Maria, sendo, em fevereiro de 2003, nomeado um diretor executivo, licenciado em Psicologia Social. Pela mão deste diretor, o primeiro leigo a assumir a gestão da instituição, surge uma equipa técnica, na altura constituída por uma licenciada em Ciências da Educação e por quatro Ajudantes de Lar, que asseguravam o seu funcionamento 24 horas por dia, refere a página on line da instituição.
A partir de agosto de 2011, a Casa do Gaiato de São Miguel, até então sedeada na vila de Capelas, muda-se para duas novas moradias, na freguesia de São Pedro, em Ponta Delgada. Atualmente é constituída por três valências sedeadas na mesma cidade com capacidade para acolher 36 crianças e jovens em situação de perigo, com base na aplicação de medida de promoção e proteção e com idades compreendidas entre os 03 e os 25 anos, refere ainda o site.
A Obra do Padre Américo nos Açores – Casa do Gaiato de São Miguel- é uma instituição diocesana e sem fins lucrativos que tem por finalidade de acolher, educar e integrar na sociedade crianças e jovens privados do seu meio familiar. Rege-se pelos princípios expressos nos seus Estatutos, pelo Regulamento Interno e pelas orientações provenientes do Instituto de Segurança Social dos Açores, entidade financiadora ao abrigo de um Contrato de Cooperação -Valor Cliente. Tem capacidade para acolher 30 utentes nas suas três valências.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou a “profunda alegria” da Igreja Católica pelo avanço na causa de canonização do padre Américo, fundador da Obra da Rua, após o reconhecimento das suas “virtudes heroicas”, por parte do Papa.
“Trata-se de um passo importante rumo à beatificação deste gigante da caridade, grande educador português, místico do nosso tempo, precursor do II Concílio do Vaticano, artista da palavra e servidor dos pobres”, refere a nota enviada à Agência ECCLESIA pelo padre Manuel Barbosa, secretário da CEP.
O Vaticano anunciou esta manhã que o Papa Francisco aprovou a publicação do decreto que reconhece as “virtudes heroicas” do Padre Américo, fundador da Obra da Rua/Casa do Gaiato, em Portugal e África (Angola e Moçambique), com sede em Paço de Sousa, Diocese do Porto.
“Chamado e conhecido carinhosamente por Pai Américo, este padre diocesano, amigo de Deus e dos pobres, há muito ‘santo no coração do povo português’, é uma referência que ajudará a despertar a sociedade e a Igreja para a maior atenção aos pobres, bem como o serviço e a entrega total aos últimos, no nosso tempo marcado pela urgência da Caridade e da Misericórdia”, refere a nota da CEP.
Noutra nota pastoral em 2006, por ocasião do centenário da morte do padre Américo, os bispos portugueses acentuaram a importância da sua experiência pedagógica: “A todos os portugueses, decerto preocupados com os atuais problemas da educação e com o número porventura crescente de crianças em situação familiar de risco e desamparo, lembramos que a experiência pedagógica do Padre Américo continua um manancial a integrar em formas adaptadas às instituições sociais mais recentes”.
(Com Ecclesia)