Homenagem a frei Bento Domingues sublinha importância do diálogo Igreja/Sociedade

Religioso diz que o seu objetivo é promover o debate

O religioso dominicano Bento Domingues disse hoje à Agência ECCLESIA que a homenagem pelos seus 80 anos, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, é um momento para reforçar o debate sobre a importância do Cristianismo no mundo atual.

“Espero que as pessoas debatam, discutam umas com as outras”, declarou, durante o colóquio e a respeito da publicação de uma antologia das suas crónicas no jornal ‘Público’.

Depois de ‘Um Mundo que Falta Fazer’, sobre questões sociais e políticas, foi agora publicada ‘A Insurreição de Jesus’, sobre a figura histórica e a mensagem de Jesus e sobre Deus e o diálogo inter-religioso (Edição Temas e Debates/Círculo de Leitores).

Uma “insurreição” que leva à “ressurreição”, segundo frei Bento Domingues, passando pela luta contra a “marginalização”.

“São Paulo diz: não vos conformeis com este mundo”, acrescentou, antes de elogiar o Papa Francisco pela sua preocupação com “a vida das pessoas”.

Os trabalhos iniciaram-se com uma leitura ao significado das crónicas, apresentadas como “memória crítica” a partir da mensagem de Jesus pelo antropólogo Alfredo Teixeira, docente na Universidade Católica Portuguesa.

“As crónicas de frei Bento são um exemplo claro de uma forma cristã de estar na sociedade que não renuncia ao debate, à possibilidade de pensar uma cidadania partilhada”, disse à Agência ECCLESIA.

António Marujo, jornalista e um dos responsáveis pela publicação da antologia das crónicas de frei Bento Domingues, afirmou por seu lado que estes textos são “uma forma muito original de intervir na sociedade portuguesa”, com lucidez e capacidade crítica “sem nunca perder o otimismo e o humor”.

Mais de mil crónicas depois, acrescenta, o autor “não cansa os leitores” e continua a “estimular ao debate, ao aprofundamento” das questões.

O encontro de homenagem contou com a presença do antigo presidente da República, Ramalho Eanes, para quem o religioso dominicano simboliza “a Igreja do amor, do diálogo e da compreensão”, com uma marca de “verdade” e de “solidariedade”.

O jornal ‘Público’ associou-se a esta iniciativa e, nas palavras do seu diretor-adjunto Nuno Pacheco, os 22 anos de publicação ininterrupta das crónicas dominicais de frei Bento Domingues têm mostrado uma “jovialidade e inquietude extraordinárias”, com ligação “ao mundo de toda a gente”.

O programa de debate, que decorre nas instalações da Fundação Calouste Gulbenkian, apresenta uma série de reflexões sobre o papel da teologia como na cultura e na cidadania, a pertinência da figura de Jesus e o papel da Igreja Católica

Ecclesia

 

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