Colégio de São Francisco Xavier celebra 60º aniversário

Comunidade educativa está em festa e sublinha a ligação do Colégio à história do concelho de Ponta Delgada e da ilha

O Colégio de São Francisco Xavier, orientado pela congregação das Irmãs de São José de Cluny, está em festa com a celebração do 60º. aniversário da instituição nas atuais instalações, no coração da cidade micaelense.

Este sábado, para além da celebração de uma Eucaristia de ação de graças, o Colégio organiza uma sessão solene onde será exibido um vídeo sobre os 60 anos de história da instituição e apresentará uma peça de teatro, protagonizada pelos alunos do 4º ano, que evocará a vida e a obra da fundadora da congregação Ana Maria Javouhé. Durante a sessão haverá, ainda, um pequeno concerto pela Banda Militar, intercalado com testemunhos de atuais e ex alunos e a sessão finalizará com a interpretação dos hinos do Colégio e deste jubileu, com uma interpretação dos Coro do Colégio acompanhado pela Banda Militar.

“É um momento de profunda gratidão pelo trabalho de todos os que nos precederam e que nos ajudaram a perpetuar um grande património que recebemos” adiantou ao Igreja Açores a diretora do Colégio, Ir. Domingas Lisboa.

“Acho que neste dia não há palavras para descrever o que este colégio fez nesta ilha” avançou ainda a religiosa que num texto assinado, aqui no Igreja Açores, lembra que “no panorama de todas as instituições de ensino existentes na ilha, o Colégio de São Francisco Xavier é o único Colégio de cariz Católico, distinguindo-se das demais instituições por apostar na valorização da componente espiritual, regendo todo o seu Plano de atividades à volta dessa temática”.

“Este ano, celebramos 126 anos de existência, por aqui passaram várias gerações, muitas vezes, membros da mesma família. Podemos dizer que já fazemos parte da memória coletiva dos habitantes do Concelho de Ponta Delgada e até dos Açores, como uma instituição respeitada e que prestigia o meio onde está inserida, prestando à região um serviço reconhecido ao longo das várias décadas de existência”, acrescenta ainda.

É difícil contabilizar o número exato de alunos que passou pela instituição mas segundo a direção “ultrapassa algumas dezenas de milhares”.

Em 1893, o Colégio arrancou com 20 alunas, após um interregno, reabriu, em 1932, com 120 crianças, havendo já em 1955 mais de 400 alunas. O número crescente de alunas justificou a construção do atual edifício na década de cinquenta, sendo frequentado por alunas de São Miguel e das restantes ilhas do arquipélago, algumas em regime de internato, até 1981. Salienta-se o facto de apenas na década de setenta o Colégio começar aceitar alunos de ambos os sexos. O número de alunos tem conhecido altos e baixos, verificando-se atualmente uma frequência à volta dos quinhentos alunos anuais.

“Mais importante do que a quantidade é o resultado em qualidade, o que muito nos orgulha. Exemplo disso são os alunos que por esta instituição passaram e que hoje assumem grandes responsabilidades, aquém e além-mar” refere.

As Religiosas de São José de Cluny, Congregação fundada por Ana Maria Javouhé, francesa, chegaram pela primeira vez aos Açores em 1893. Formaram primeiro uma escola e depois deram apoio aos jovens carenciados através do Lar da Mãe de Deus, que acolhia crianças desfavorecidas e excluídas pelas famílias. A Congregação tem como lema “estar em toda a parte onde há bem a fazer e dor a aliviar”.

As Irmãs e os leigos – associados, jovens cluny, amigos, candidatas à Congregação, colaboradores… – procuram cumprir à risca o desafio de trabalhar de acordo com esses ensinamentos procurando sempre honrar a “Vontade de Deus que é que todos se salvem”.

A Congregação nasceu em França e teve a sua primeira internacionalização em 1881 quando a Casa Mãe, em Paris, é contactada para disponibilizar Irmãs para irem para Angola a fim de trabalharem enquanto missionárias com os Padres do Espírito Santo.

Chega a Lisboa um pequeno grupo de Irmãs que foram hospedadas nas Irmãs de S. Vicente de Paulo, depois nas Dominicanas, em Benfica, e posteriormente num convento de Carmelitas em Carnide, que o governo português pôs à sua disposição. Aí se dedicaram à formação de Religiosas missionárias destinadas às missões de Angola.

Em Novembro de 1885 fundou-se uma segunda comunidade em Tentúgal – Coimbra- sempre com a mesma finalidade: formar Irmãs para as missões portuguesas.

Em 1891 abriu-se em Lisboa o primeiro Estabelecimento de Ensino. Esta foi a “Casa Mãe” do Instituto em Portugal. Outras fundações se sucederam. Com a república, em 1910, foram expulsas de Portugal e só regressaram 11 anos depois, inaugurando uma casa na Anadia.

Entre 1922 e 1966, abriram-se 20 comunidades. Posteriormente abriram-se outras, fecharam-se algumas e hoje a Província Portuguesa é constituída por 21 comunidades com um total 199 Irmãs que, “seguindo o Carisma confiado à Fundadora, realiza a Obra de Deus nos vários sectores das suas atividades: Educação, pastoral Paroquial, Solidariedade Social, Saúde e Idosos”.

A ação evangelizadora da Congregação atinge crianças, adolescentes, jovens, adultos… O campo de missão é vasto.

“É a Obra de Deus que realizamos… e quando é verdadeiramente por Deus que trabalhamos, Ele duplica as nossas forças conforme as necessidades”, dizia a  Madre Fundadora.

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