Cardeal patriarca de Lisboa acredita que há condições políticas para a defesa da vida

bispos portugueses estão reunidos desde hoje em Fátima

O cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou hoje que “legisladores e cidadãos em geral” devem ponderar o “atual momento soócio-político português” na discussão da eutanásia, considerando que há “sinais convergentes” na “defesa e promoção da vida”.

Na abertura da 197.ª assembleia plenária da CEP, em Fátima, Manuel Clemente disse que “a defesa e promoção da vida, da conceção à morte natural”, merece hoje “redobrada atenção”.

“Nunca é absolutamente seguro que se respeita a vontade autêntica de uma pessoa que pede a eutanásia. Nunca pode haver a garantia absoluta de que o pedido da eutanásia é verdadeiramente livre, inequívoco e irreversível”, citou, a partir de nota pastoral sobre o tema.

O cardeal-patriarca lembrou que, face a “situações difíceis” de manutenção da vida, o caminho defendido pela CEP “só pode e deve ser o desenvolvimento e a generalização” dos cuidados paliativos.

Sociedade e Estado, defendeu Manuel Clemente, devem tornar-se “também ‘paliativos’, isto é, envolventes e cuidadores de cada pessoa, em especial das mais debilitadas. Este é o único caminho realmente humano e humanizador que devemos seguir e onde há muito para andar”.

Num momento em que PS, Bloco de Esquerda, PAN e PEV preparam diplomas sobre a eutanásia, o presidente da CEP lembra que há posições “unânimes” de sentido inverso.

Além da posição católica, juntam-se outras “do campo ecuménico e religioso e inter-religioso”, nomeadamente “as religiões monoteístas abramíticas – judeus, cristãos e muçulmanos”, disse.

Entre a comunidade médica, além da declaração conjunta “de cinco antigos bastonários da Ordem dos Médicos, em setembro de 2016”, no passado mês de outubro “a Associação Médica Mundial reafirmou a sua oposição à eutanásia e ao suicídio medicamente assistido”.

Segundo o cardeal-patriarca, “também da sociedade civil vêm sinais convergentes” contra alterações legislativas nesse campo, como a manifestada no dia 26 de outubro, quando “milhares de pessoas se manifestaram em várias cidades portuguesas em favor da salvaguarda e promoção da vida e contra a legalização da eutanásia”, manifestação que “se tem repetido ano após ano, num crescendo de participação, mesmo que escassamente divulgada pelos media”, criticou.

Para o presidente da CEP, “no atual momento sociopolítico português estas posições tão unânimes não podem deixar de ser tidas em conta por legisladores e cidadãos em geral”.

Manuel Clemente falou ainda da preparação da Jornada Mundial da Juventude, que decorrerá em Portugal em 2022, considerando esse momento uma “oportunidade e desafio”, não só para a Igreja mas também para o país. “Será uma boa altura de rejuvenescimento sociocultural”, vaticinou.

A assembleia plenária da CEP decorre em Fátima até 14 de novembro.

 

(Com Lusa)

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