Por Renato Moura
Conta-se que uma corvina, residente nas Flores, ao saber que a sua neta se iria casar com um senhor de fora, que tinha sido colocado num serviço nesta ilha, mas que ela considerava pouco dotado, confidenciou: “Oh minha neta querida, pois se tu nada tinhas, com bem pouco ficaste”.
Quando foi nomeado o último presidente do Conselho de Administração do Grupo SATA, António Luís Teixeira, com todo o respeito pelas competências e qualidades do senhor, não faltou quem considerasse que não era a pessoa certa para o lugar, por falta de conhecimento do negócio, ou pela exigência de um perfil de liderança forte.
O aludido presidente acaba de renunciar ao cargo.
A meados de Julho deste ano abordei aqui a perpetuação da crise da SATA, motivada pelo facto de já então estarem frustradas as expectativas, que haviam sido criadas pela empresa e pelo Governo Regional, na pessoa do seu Presidente, de inversão dos sucessivos resultados negativos.
É caso para dizer que, se a SATA pouco tinha, agora nem presidente tem! Pelas notícias, as razões da demissão encontrar-se-ão no atraso verificado na implementação de medidas de reestruturação, que consideraria urgentes e necessárias e por “não terem sido atingidos os objectivos a que se se propôs”.
Há muito que o comum dos mortais percebera que, pelo andar da carruagem, não se estava no caminho de atingir os objectivos. Renúncia tardia, à falta de substituição! Como não renunciam outros administradores, dum órgão colegial?!
Se a persistência do descalabro está na falta de aprovação pelo Governo, do plano de negócios da SATA, há grave responsabilidade política, não só de Ana Cunha, Secretária Regional dos Transportes, como em última instância de Vasco Cordeiro, que como Presidente é o responsável político pela coordenação de todo o Governo. Responsabilidade do Governo sempre, pois a Região é a única accionista das empresas do Grupo. A crise é tão velha quanto a presidência de Vasco Cordeiro, iniciada em 2013, numa SATA que bem conhecia, como Secretário Regional da Economia.
É confrangedor verificar os buracos das empresas públicas regionais, que não apenas a SATA, como também, só por triste exemplo, a Saudaçor.
É sobretudo deprimente, após uma sucessão de presidentes da SATA, não poder confiar no anunciado compromisso do Governo dos Açores, para manter uma SATA que sirva os Açores e os açorianos. De que serviram os compromissos passados?! De que servirão para o futuro?
O que falta não é apenas governo na SATA. O que falta é Governo que administre o que é de todos!