Por Renato Moura
Parece-me que o mês de Agosto deve ser dedicado a temas leves.
Recentemente voltei a recordar-me que, há muitos anos, fui abordado por um estudante florentino, ainda jovem, nascido já em democracia, no dia 27 de Abril de 1974. Desde criança que lia o Expresso, do qual o seu pai era assinante, obtendo um conhecimento apreciável sobre o país e a política. Mas desejava conhecer, junto de quem soubesse, o processo de instituição da autonomia nos Açores, desde o início.
As conversas desenvolveram-se em almoços, mas prolongaram-se muito para além deles, pois o jovem queria obter o máximo de informação sobre a formação dos órgãos de governo próprio da Região, também sobre a elaboração do Estatuto Político-Administrativo, ainda sobre o funcionamento dos órgãos. Cada resposta motivava novas perguntas, pois o jovem não se satisfazia apenas com o que tinha sido público quando ele era ainda criança, mas queria também saber como as coisas se passavam nos bastidores da política, em reuniões de comissões parlamentares, no seio dos grupos parlamentares, especificamente até quanto à interacção do grupo parlamentar maioritário com os membros do governo. Um sem número de coisas que já não seria fácil reconstituir, mas que para o caso pouco adiantariam.
O interesse e o estudo que dedicou, desde sempre, à política e ao processo de autonomia, aliados à sua formação académica, dotaram o homem que é hoje, de uma capacidade intelectual admirável, que o tornou capaz do desempenho de funções absolutamente relevantes, ainda que algumas delas sem visibilidade pública. Sabemos que homens assim, mesmo sem o querer, incomodam um conjunto de incapazes que pululam um pouco por toda a parte – os que trepam na política e enchem a hierarquia – à sombra de compadrios que frequentemente explodem, mas não sem antes possibilitarem manobras que corrompem as instituições!
O Presidente do Governo açoriano anunciou, recentemente, uma campanha junto dos jovens, sobretudo determinada a diminuir a abstenção. Anunciada também como destinada a incentivar a “participação aos vários níveis da vida democrática”. Bem feita, seria importante; mas insuficiente.
A política não pode ser vista como “emprego”. As juventudes partidárias não devem servir de trampolim, quando poderiam ser escola. Colar cartazes e integrar caravanas não ensina política. E a mera renovação de listas não é garantia de qualidade.
A política está a ser aprendida em exercício (se é que está). Não há arte nem profissão onde seja assim. É que para fazer é preciso saber.