Jogo de futebol pretende ser um abraço à Paz
À mesma hora que no Estádio Olímpico de Roma, sob os bons ofícios do Papa Francisco, decorria esta segunda feira o jogo de futebol inter-religioso, que juntou no mesmo espaço uma série de vedetas da bola, os vários canais de informação debatiam as últimas transferências que o mercado, prestes a encerrar, autorizava.
A dança de nomes, o vaivém de milhões, entre custo do jogador e clausula de rescisão, absolutamente obsceno, perante a fome e a pobreza mundiais, tornam a informação ensurdecedora, projetando-nos para uma bolsa de valores que nos faz esquecer que estamos a falar de pessoas.
Estes mesmos jogadores, que custam milhões, muitos deles já na memória do mundo e no coração dos adeptos pelo talento, pelo show de bola, pelo golo que marcaram– Diego Armando Maradona, Del Piero, Javier Zanetti, Buffon, Pirlo, Shevchenko, Paolo Maldini ou Valderrama-conseguiram juntar-se em torno de uma causa benéfica: ajudar duas instituições que trabalham em prol da reintegração social de crianças socialmente desfavorecidas.
As ‘Scholas Ocurrentes’, com sede na Academia Pontifícia das Ciências, no Vaticano, usam a tecnologia, a arte e o desporto para promover a integração social e a cultura do encontro das escolas, enquanto a Fundação Pupi, criada há 10 anos na Argentina, desenvolve programas de assistência e adoção à distância.
Estes jogadores têm em comum o talento, o trabalho e a noção de coletivo. Sabem que individualmente podem valer os tais milhões na bolsa das transações, mas não serão eles que os tornarão vencedores.
Para vencer, é preciso talento e trabalho. Mas, acima de tudo, superar o individualismo, o egoísmo, todas as formas de racismo, de intolerância e de instrumentalização da pessoa humana.
O futebol pode e deve ser uma escola de formação de valores. Como disse o Papa Francisco, na mensagem que enviou para o Mundial de Futebol, no Brasil, tem de ser uma escola que promova “a cultura do encontro”, que permita a paz e a harmonia entre os povos.
Quem não se lembra do célebre encontro de futebol entre soldados nazis e prisioneiros de guerra aliados, durante a II Grande Guerra Mundial imortalizado à maneira de hollywood por John Huston em “A Fuga para a Vitória”, que acabou por fintar a pópria natureza da guerra?
O segredo da vitória, no campo, mas também na vida, está em saber respeitar o outro seja companheiro de equipa seja o adversário.
Ninguém vence sozinho, nem no campo, nem na vida!
Esta é a lição de solidariedade que a igreja e o futebol podem dar ao mundo. E afinal, uns meros tostões podem fazer toda a diferença!