A ideia é avançada pelo Vigário Geral da Diocese de Angra numa entrevista concedida ao jornal Diário Insular deste domingo, sobre as Orientações Diocesanas de Pastoral para o próximo ano
O Vigário Geral da Diocese de Angra, Pe Hélder Fonseca Mendes, diz este domingo ao Diário Insular, jornal que se publica na ilha Terceira, que a saída em “chave missionária” proposta pelas orientações diocesanas para o próximo ano pastoral são “fruto da atitude de vigilância crítica a que a Igreja está chamada a ter em cada tempo, atitude aguçada pela última exortação apostólica do papa Francisco”.
Na primeira entrevista concedida a um jornal generalista por um alto responsável diocesano depois de ser conhecido o documento norteador da ação da igreja para o próximo ano, o sacerdote sublinha que o objetivo essencial desta proposta é “conhecer e chegar a todas as periferias não só geográficas mas sobretudo humanas e existenciais, mesmo as mais remotas onde a luz, o amor e a verdada libertadora da Cristo ainda não chegaram”.
“ É como querer saber nos Açores aonde é que não há água ou luz e ir lá depressa levar esses bens básicos tão desejados e necessários a uma vida digna. Serve também para fazer o balanço da nossa capacidade de presença e de resposta”, frisa ainda o Vigário Geral.
Sobre a reforma das estruturas eclesiais propostas pelo prelado diocesano, o Pe Hélder Fonseca Mendes lembra que esta “refundação” resultará de um melhor conchecimento da realidade.
“Se por refundação se entende que devemos voltar ao essencial, às fontes, às pessoas, à Pessoa de Jesus e ao seu anúncio jubiloso, então a resposta é afirmativa”, diz o sacerdote que é também o responsável pela paróquia da Sé; “só depois virá a doutrina, a hierarquia das verdades, a moral e os casos mais complexos, o direito e o normativo, os rituais, etc”.
“Primeiro, a missão, pelo que é mais simples, pela adesão de coração e pela simpatia, depois virá o resto. Ora acontece que esse resto envenena com preconceitos e mal-estar a beleza do rosto e Jesus e do Evangelho que falta anunciar e traduzir”, sublinha.
A metodologia proposta pelo Bispo de Angra no documento das Orientaçãoes diocesanas de pastoral – Da Alegria do Evangelho á saída missionária da igreja- apela a um maior dinamismo, nomeadamente ao nível das estruturas de cupula e também a uma formação permanente do clero e dos leigos.
Sobre esta matéria o Vigário Geral recorda que está prevista a participação de especialistas nas áreas das ciências sociais, políticas e económicas para levar a cabo essa formação.
Interpelado sobre a alegada falta de sintonia entre o trabalho dos padres e as necessidades das diferentes comunidades, o Pe Hélder Fonseca Mendes reconhece que “há um problema de desfasamento de interesses” que resulta da multiplicidade de funções, o que em muitos casos “condiciona a disponibilidade” para alguns aspetos, mas nem tudo pode ser imputado, apenas, ao sacerdote.
Durante a entrevista, o Pe Hélder Fonseca Mendes sublinha, ainda, o esforço que a diocese está a fazer no conhecimento, no entendimento e no acompanhamento de todos os fenómenos de religiosidade popular no arquipélago, de modo a que não se perca o essencial.
“É importante uma boa integração entre a fé a cultura. É um lugar de evangelização, testemunho e missionação. A Igreja quer cultivar na religião e na cultura uma atitude de verdade, a partir da fé interior no Deus único, revelado em Jesus Cristo, filho da Virgem Maria, na comunhão do Espirito Santo”, salienta.
Nesta entrevista ao Diário Insular, o Vigário Geral destaca, também, o investimento feito pela diocese na formação dos sacerdotes naquela que é a palavra de Deus, nomeadamente no aprofundamento e no conhecimento da Bíblia.
“A nossa Diocese é a que regista o 2º. lugar do país no número de alunos no Colégio Português em Roma, no último século, muito deles a fazer a especialização em Sagrada Estritura ou Teologia Bíblica, dando depois o seu contributo no Seminário e fora dele”.
As orientações diocesanas de pastoral foram lançadas no passado dia 18 de agosto e serão válidas para o próximo ano pastoral que se inicia a 5 de outubro.
O documento é composto por 10 capítulos distribuídos por 72 páginas, e define como objetivo geral a conversão pastoral em chave missionária.