Vigário episcopal denuncia aumento da precariedade laboral

Na véspera do dia do trabalhador, o Pe Cipriano Pacheco destaca o agravamento das condições de vida dos trabalhadores e das famílias e pede uma atenção especial para quem não tem trabalho.

O Vigário Episcopal para a ilha de São Miguel, na véspera do Dia do Trabalhador, que se assinala amanhã 1 de maio, num texto que o Portal da Diocese publica esta quarta feira (Clique aqui para aceder »»»), diz que está a faltar ao mundo da política económica “a coragem para adotar medidas que promovam os valores maiores da dignidade humana e do bem comum”.

 

 

Cipriano Pacheco, na linha do que tem sido dito pelo Papa Francisco, nomeadamente na exortação apostólica A Alegria do Evangelho, sublinha que “quando é esquecido o princípio fundamental do destino universal dos bens, a dignidade da pessoa e o bem comum, como condições para o acesso à justiça social, incomoda que se fale de ética, incomoda que se fale de solidariedade mundial, incomoda que se fale de distribuição dos bens, incomoda que se fale de defender os postos de trabalho, incomoda que se fale de dignidade dos fracos, incomoda que se fale de um Deus que exige um compromisso em prol da justiça”.

 

 

E, por isso, apela aos cristãos que não se deixem “contagiar” por este sentimento de incomodidade porque o problema da “precariedade social é uma realidade” que “ está a atingir grande parte da população portuguesa e também da população açoriana”.

 

 

“As notícias que têm vindo a público dão conta de decisões ou medidas tomadas ou a tomar, pelos responsáveis políticos que apontam para uma situação de precariedade cada vez mais expressiva, não só ao nível do trabalho ou do emprego precário, mas também pelas consequências derivadas dos “cortes” ao nível dos variados apoios de carácter social que afectam especialmente os mais desprotegidos”, destaca o sacerdote que é também responsável pelo Serviço Diocesano de Apoio à Pastoral Social.

 

 

Cipriano Pacheco lamenta “o fosso” que se traduz “no agravamento das desigualdades sociais” e, sobretudo, a “distância entre aqueles que, mesmo em tempo de crise económico-social, se tornam mais ricos e aqueles que empobrecem, muitos deles aproximando-se do limiar da fome”.

 

 

Para o responsável diocesano é “notória a maior procura” de apoio quer em termos de auxílio económico ou monetário, como no que se refere à procura de bens de primeira necessidade.

 

 

“Há algo que está a falhar no domínio da política económico-financeira, concretamente, no que respeita à economia e distribuição dos rendimentos”, conclui Cipriano Pacheco que realça o trabalho de proximidade das várias instituições ligadas à Igreja Católica.

 

 

No entanto, alerta para o carácter provisório destas atuações que exigem do poder político outras medidas.

 

 

Cipriano Pacheco lembra a necessidade dos “ planos de assistência que acorrem a determinadas emergências” serem apenas “respostas provisórias”, pois os problemas dos pobres e do mundo “não se resolvem”, a não ser “renunciando à autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira e atacando as causas estruturais da desigualdade social”.

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