Quinzena vocacional na Diocese decorre entre 4 e 18 de maio.
A indiferença e o laicismo que marcam a sociedade contemporânea devem constituir um estímulo para aqueles que se querem assumir seguidores de Cristo refere o Reitor do Seminário Episcopal de Angra num texto- PADRE PARA OS HOMENS DE HOJE – que o Portal da Diocese publica na íntegra (clique aqui para aceder »»»), no âmbito da quinzena vocacional que decorre a partir do próximo domingo, até dia 18.
“A vida e o ministério de um padre apresentam hoje um novo rosto, imensamente provocador, difícil, mas verdadeiramente insubstituível e gratificante”, diz o Pe Hélder Miranda Alexandre sublinhando que “os candidatos são chamados a serem padres numa sociedade marcada por um indiferentismo crescente e desafiador” e o sacerdote “experimenta a fé em formas de radicalidade diversas de outras formas do passado”.
Para o responsável pelo Seminário, a única instituição diocesana que forma sacerdotes nos Açores, o único caminho para combater essa indiferença é o testemunho da vida concreta.
“O padre é e deve ser um homem de Deus, que fala de Deus aos homens com autenticidade – porque ninguém se deixa levar somente por palavras – e dos homens a Deus, que frequentemente nem falam com Ele”.
Por isso, conclui, o desafio dos padres é entregarem-se “ao primeiro anúncio” e “formar sem cessar” explicando “o essencial da fé cristã”.
O reitor do Seminário destaca, por último, a consciência que os sacerdotes devem ter na relação com a sua comunidade, por serem os únicos que podem presidir à Eucaristia e realizar o Sacramento da Reconciliação.
“Se estes dois sacramentos se tornarem celebração bem vivida podem ser meios únicos do encontro do tempo na eternidade, dos homens com Deus, e de uma mistagogia verdadeiramente necessária. Eis a grandeza do sacerdócio: trazer Jesus aos que tanto Ele deseja”, conclui.
Para assinalar a quinzena vocacional o Portal da Diocese ouviu também os quatro seminaristas que protagonizam o dia do Bom Pastor, na Diocese de Angra. Dois deles, alunos do sexto ano, serão ordenados diáconos.
Bruno Espínola encara esta nova etapa da vida como um desafio.
“Não posso ainda afirmar, na primeira pessoa, se vale ou não a pena ser padre. No entanto, há algo que me move interiormente e que me leva a sonhar com as comunidades que hei de servir em nome de Cristo. Tudo aquilo que ao longo destes seis anos, e que na minha capacidade pude apreender e viver neste plano de formação que o seminário oferece, agora como que quer desabrochar no meio do povo de Deus, a Igreja”.
O futuro diácono lembra que ao logo do sexénio ouviu repetidas vezes a ideia de que o Seminário “existe e vive para formar Padres” e reconhece que a expressão “tem razão e significado”, dado que ser sacerdote “é concretizar o chamamento ao serviço do Evangelho e do mandamento do amor”, conclui deixando uma nota de “gratidão e reconhecimento” pelo tempo que passou na Casa.
Também Rúben Pacheco, que no dia 11 de maio será ordenado diácono, lembra os anos que passou no Seminário e realça o caminho percorrido.
“Cresci muito e vejo muitas coisas de forma diferente do que via antes. Contudo, esses sonhos” que o levaram ao Seminário “não deixaram de existir. Assumiram uma roupagem diferente permanecendo a essência: o desejo de querer ajudar os outros na sua caminhada de descoberta e seguimento de Jesus”.
“Hoje vejo que o mais importante num caminho é deixar-se guiar por Deus, mesmo na adversidade porque apesar de não ser fácil não estamos sozinhos. Deus está connosco e é capaz de fazer o impossível para que se realize a Sua vontade se quisermos”, reconhece o seminarista que sublinha a necessidade desta caminhada ser feita sempre “de pequenos passos, sem medo de arriscar e de se entregar”
“ Se queremos que haja esperança no mundo teremos de ser um sinal desta mesma esperança. Se acreditamos que Cristo é o Messias Salvador porque não anunciá-lo? É a melhor oferta que podemos dar”, conclui.
No próximo dia 11 de maio, Dia do Bom Pastor, dois outros seminaristas, a frequentar o quinto ano, serão instituídos nos ministérios laicais de leitor e acólito.
Gaspar Pimentel lembra que no inicio “não acreditava chegar ao fim”, mas “Deus foi e tem sido teimoso comigo dando-me forças para persistir neste caminho”.
Forças que segundo o seminarista, de São Miguel, residem no apoio de colegas, de professores e da família.
“Agora acredito que vou ser instituído. Alegro-me com isso, porque vou receber mais ferramentas para a minha mochila que carrego, para ir aonde Deus quer e para quem Ele quiser. Embora me sinta um jovem incapaz, estou rendido à graça de Deus, aos braços do Bom Pastor que quero imitar”.
Pedro Aguiar tem 24 anos e é outro dos seminaristas que vai ser instituído no ministério laical. Recorda o começo desta caminhada e conta-a na primeira pessoa.
“Era um jovem tímido e reservado, de missa dominical e catequese, tal como muitos outros. Nunca tinha revelado qualquer interesse em ir para o Seminário. Até que um dia tudo mudou. Já com 14 anos, naquela fase em que os jovens começam a fazer planos do que vão fazer da sua vida, senti o chamamento para ir para o Seminário. Como foi esse chamamento? Não sei, apenas senti a vontade de ser Padre”.
A caminhada tem sido “intensa” mas sente “que tem crescido intelectual e espiritualmente” e diz-se “contente” por estar a dar mais um passo rumo ao sacerdócio.
A cerimónia de ordenação e instituição decorre na Sé de Angra, no dia 11 de maio, pelas 18h00. No dia 10 haverá uma Vigilia de Oração na Igreja da Ribeirinha aberta a todos os grupos de jovens da ilha Terceira.