Francisco deixa mensagem de solidariedade com as vítimas de incêndios na Califórnia
O Papa Francisco assinalou hoje o II Dia Mundial dos Pobres com um almoço que reúne milhares de pessoas com necessidades, voluntários e representantes de instituições de caridade, no Vaticano.
“Este dia, que envolve cada vez mais paróquias, associações e movimentos eclesiais, quer ser um sinal de esperança e um estímulo para que nos tornemos instrumentos de misericórdia no tecido social”, explicou o pontífice aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, ao meio-dia de Roma, para a oração do ângelus.
Antes, Francisco tinha presidido à Missa, na Basílica de São Pedro, com a participação de pobres, acompanhados por representantes de associações e grupos paroquiais.
O Papa Francisco, na homilia, disse que o “grito” dos pobres é abafado, na sociedade, pelos “cada vez mais ricos” e defendeu que a atenção da Igreja aos mais necessitados “não é moda de um pontificado”.
“É importante, para todos nós, viver a fé em contacto com os necessitados. Não é uma opção sociológica, não é a moda de um pontificado, mas exigência teológica. É reconhecer-se mendigos de salvação, irmãos e irmãs de todos, mas especialmente dos pobres, prediletos do Senhor”, observou, na homilia da Missa a que presidiu na Basílica de São Pedro, no II Dia Mundial dos Pobres.
A celebração, com a presença de cerca de 6 mil pobres, voluntários que os acompanham e representantes de várias organizações caritativas, ficou marcada pelos alertas do Papa Francisco, que deu voz ao “grito dos pobres”.
“É o grito estrangulado de bebés que não podem vir à luz, de crianças que padecem a fome, de adolescentes habituados ao barulho das bombas em vez da algazarra alegre dos jogos. É o grito de idosos descartados e deixados sozinhos”, realçou.
“É o grito de quem se encontra a enfrentar as tempestades da vida sem uma presença amiga. É o grito daqueles que têm de fugir, deixando a casa e a terra sem a certeza dum refúgio. É o grito de populações inteiras, privadas inclusive dos enormes recursos naturais de que dispõem”; acrescentou.
O Papa lamentou que alguns se banqueteiem com “aquilo que, por justiça, é para todos”.
A injustiça é a raiz perversa da pobreza. O grito dos pobres torna-se mais forte de dia para dia, mas de dia para dia é menos ouvido; esse grito é mais forte, todos os dias, mas é menos ouvido, todos os dias, porque é abafado pelo barulho de poucos ricos, que são cada vez menos e cada vez mais ricos”.
A celebração do Dia Mundial dos Pobres, no penúltimo domingo do ano litúrgico, nas comunidades católicas, é uma iniciativa do Papa Francisco, iniciada após o Jubileu da Misericórdia, e assinalou-se pela primeira vez em 2017.Na sua homilia, o Papa falou da “coragem de deixar” de lado as preocupações com o sucesso ou a tranquilidade, para ir ao encontro de Deus e de quem sofre.
“Subir até Deus e descer até aos irmãos: eis a rota traçada por Jesus”, precisou.
Francisco convidou todos a manter a confiança em Cristo, perante os “grandes inimigos”: “o diabo, o pecado, a morte, o medo”.
Há uma grande necessidade de pessoas que saibam consolar, não com palavras vazias, mas com palavras de vida. No nome de Jesus, encontramos e oferecemos verdadeira consolação: não são os encorajamentos formais e previstos que restauram, mas a presença de Jesus”.
O Papa sustentou que nenhum cristão pode ficar indiferente perante a “dignidade humana espezinhada”, convidando a “gestos gratuitos”, em prol de quem não os pode retribuir.
“Estendei-nos a mão, Senhor, e agarrai-nos. Ajudai-nos a amar, como vós amais. Ensinai-nos a deixar o que passa, a encorajar quem vive ao nosso lado, a dar gratuitamente a quem está necessitado”, concluiu.
Após a Missa, o auditório Paulo VI, no Vaticano, recebeu mais de 3 mil convidados do Papa, para um almoço que assinala este II Dia Mundial dos Pobres.
À imagem do que aconteceu em 2017, Francisco vai sentar-se à mesa com os pobres, um gesto que se vai repetir em refeitórios de muitas paróquias, universidades, organizações assistenciais e associações de voluntariado que aderiram à iniciativa.
Já na oração do Ãngelus, desde a janela do apartamento pontifício, o Papa condenou o “massacre” que atingiu, há dois dias, um campo de refugiados na República Centro-Africana, provocando dezenas de mortos, incluindo dois sacerdotes católicos.
“A este povo, que me é tão querido, onde abri a primeira porta santa do jubileu da Misericórdia [novembro de 2015], manifesto toda a minha proximidade e o meu amor. Rezemos pelos mortos e os feridos, e para que cesse toda a violência neste amado país que tem tanta necessidade de paz”, apelou.
Francisco rezou ainda pelas vítimas dos incêndios que “estão a flagelar a Califórnia”, bem como pelas da vaga de frio na costa leste dos Estados Unidos da América.
A reflexão dominical foi dedicada ao “encontro definitivo com o Senhor”.
“Ninguém pode fugir a este momento, nenhum de nós pode fugir a este momento”, observou o pontífice.
Francisco pediu que todos os católicos assumam as suas responsabilidades “com o próximo, com o mundo inteiro”.