Jornalismo religioso exige “proximidade e conhecimento”

Professores e responsáveis por Gabinetes de Comunicação da Igreja analisaram a formação dos jornalistas que estão ao serviço dos media católicos

Conhecimento, proximidade e profissionalismo são algumas das características que os profissionais de comunicação ao serviço da Igreja devem ter, defenderam os  intervenientes no primeiro painel da IV Jornada Diocesana de Comunicação Social, organizada em Ponta Delgada esta sexta feira.

Pedro Gil, diretor do Gabinete de Comunicação e porta-voz da Prelatura do Opus Dei em Portugal, afirmou que os jornalistas que estão ao serviço da igreja, como os restantes, devem ser “profissionais” e “procurar rostos e situações concretas que exprimam a realidade da Igreja”. Para isso devem ter “um conhecimento aprofundado das matérias que tratam, um conhecimento das fontes primárias, da organização católica e dos pontos mais sensíveis” afirmou o responsável que vê no trabalho desenvolvido pelos profissionais da comunicação “uma oportunidade de relacionamento e, consequentemente ,de conhecimento do que os outros querem da Igreja”.

“Saber o que os outros pensam e querem de nós e colocarmo-nos na sua pele é, porventura, um grande desafio”, referiu o porta-voz da prelatura do Opus Dei em Portugal.

“Um jornalista cristão deve ter uma formação sólida de modo a poder transmitir uma condição de cidadania à dimensão religiosa” concluiu.

Já o Pe. Paulo Terroso, que estudou Comunicação Social na Pontifica Universidade de Santa Cruz sublinhou que ninguém pode ser jornalista de uma área que não conhece, pelo que, a “aquisição de ferramentas técnicas, o conhecimento do terreno e dos seus protagonistas é condição essencial para se ser um interprete qualificado dos acontecimentos”.

“Não é preciso ser uma pessoa de fé,  mas também não pode ter o coração fechado ao transcendente” esclarece o sacerdote que é o responsável pelo Gabinete de Comunicação da Arquidiocese de Braga

Para o Pe. Paulo Terroso é fundamental “respeitar, servir e amar a igreja” para afirmar a igreja no mundo.

“Entre jornalismo laico e civil e o religioso não haverá grande diferença a não ser a luz com que iluminamos e interpretamos a realidade. E.,  a grande cartilha é a Doutrina Social da Igreja. Se a partir deste compendio trabalhássemos, eu diria que o nosso trabalho é exclusivo” finalizou o sacerdote sublinhando que a Igreja tem como missão “contar a verdade, enaltecer a bondade e sublinhar a beleza”.

Já Eduardo Cintra Torres, professor auxiliar na Universidade Católica Portuguesa destacou o valor notícia da religião, e da igreja em particular, sublinhando, no entanto que o ambiente é mais adverso para a Igreja, quer do ponto de vista sociológico quer do ponto de vista antropológico.

O docente da Universidade Católica referiu-se à história da comunicação da Igreja para lembrar que a instituição tem desenvolvido uma política comunicacional defensiva, quando, na verdade, deveria ser mais “afirmativa”.

Finalmente Paulo Meneses, da Universidade dos Açores, refletiu um pouco sobre o papel dos jornalistas a partir do livro de Susana Moreira Marques “Agora e na Hora da Nossa Morte”, para afirmar que através deste livro que trata a história de doentes em cuidados paliativos, a autora presta um verdadeiro serviço público para a compreensão do sofrimento humano.

A IV Jornada Diocesana de Comunicação Social reuniu, esta sexta feira, especialistas em comunicação que debateram o tema “Comunicar periferias, verdade e esperança”.

 

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