Iniciativas de valorização e promoção do património religioso açoriano repetem-se em várias paróquias e instituições públicas
O Serviço Diocesano dos Bens Culturais lançou o desafio e inúmeras ouvidorias, através das várias igrejas paroquiais ou outras instituições públicas, responderam ao apelo de expor um objeto de arte do seu espólio para assinalar o Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja.
No Faial, a iniciativa junta o Reitor da Igreja do Carmo, Pe Marco Luciano Carvalho e a Biblioteca e Arquivo da Horta, promovendo “Diálogos com a Arte Cristã” e levará, no próximo sábado, a uma visita guiada pela recém aberta igreja do Convento Franciscano faialense. A visita tem lugar às 15h00.
A Igreja Matriz de Lagoa associa-se, também, à comemoração do Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja, dia litúrgico do evangelista São Lucas (padroeiro dos artistas), através da Coleção Visitável da Matriz de Lagoa, este ano sob o tema “Diálogos com a Arte Cristã”, definido pelo Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, na perspetiva de explicar e interpretar a arte cristã como instrumento de evangelização, incutindo para uma sensibilização de preservação, valorização e divulgação.
De acordo com uma nota enviada ao Igreja Açores, serão realizadas várias atividades entre o dia 18 de outubro e o dia 21 de outubro, nomeadamente: exposição de uma peça – Virgem da Natividade – no interior da Igreja Matriz de Lagoa, iniciativa promovida pelo Serviço Diocesano para os Bens Culturais da Igreja; Encontro “As imagens falam”, no dia 18 de outubro, pelas 20:30h, na Sacristia da Igreja Matriz de Lagoa, cujo objetivo se prende em promover várias reflexões em torno da imagem exposta na igreja – a Virgem da Natividade; visitas guiadas à Coleção Visitável da Matriz de Lagoa no seu horário normal de funcionamento e no domingo (21 de outubro) entre as 17:00h e as 18:00h, permitindo mostrar o trabalho desenvolvido pela Igreja Matriz de Lagoa na área do património religioso católico, no sentido de o dar a conhecer à sociedade em geral; visita guiada no sábado (20 de outubro) entre as 17:00h e as 18:00h à Coleção Visitável da Matriz de Lagoa com intérpretes de Língua Gestual Portuguesa.
A iniciativa é organizada em conjunto com o Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja; Serviço Diocesano dos Bens Culturais da Igreja; Serviço Pastoral a Pessoas Surdas – Projeto DIANA.
Os Recônditos da Igreja de Santa Bárbara, é por seu lado, a proposta do Museu Francisco Lacerda, em São Jorge para assinalar este dia que se vai celebrar a 20 de outubro, com uma visita guiada a lugares que habitualmente estão encerrados ao público e uma exposição de alfaias litúrgicas da igreja das Manadas.
As propostas apresentadas um pouco por toda a diocese resultam de um apelo feito pela Diretora do Serviço Diocesano dos Bens Culturais da Igreja que reconhece no património religioso um papel económico e social “muito importante” para o turismo.
Numa entrevista ao programa Igreja Açores a responsável, que trabalha com uma equipa de mais sete pessoas, entre arquitetos, arquivistas, historiadores e conservadores, lembra que o grande lema deste grupo de trabalho é “conhecer para melhor proteger”.
Rute Gregório sublinha a importância que estes bens culturais têm na promoção do turismo.
“Estes bens revelam a identidade dos Açores. Sabemos que os Açores têm um património natural muito significativo mas quem nos visita quer também cultura e procura-a e registamos que há cada vez mais interesse pelos objectos de culto” destaca a professora.
“O papel económico e social destes bens é muito importante para o crescimento deste turismo” acrescenta lembrando que , por isso, a igreja e as comunidades paroquiais em particular devem investir mais no conhecimentos do seu património para o melhor poderem proteger e até promover.
“A isto chama-se acrescentar valor” refere lembrando que quem conhece está “mais disponível para proteger”.
“O principal desafio que temos pela frente é justamente o de sermos capazes de despertar para uma tomada de consciência mais aguda sobre a necessidade do conhecimento da importância, do contexto e da utilidade destes bens”, diz por outro lado.
“Não é uma tarefa fácil porque exige disponibilidade e também alguns recursos financeiros dado que muito do nosso património precisa de obras de conservação e restauro” que, para serem bem executadas e “não roubarem valor e autenticidade às peças” , precisam de gente especializada e por isso de alguns recursos financeiros que nem sempre existem, adianta ainda.
Em vésperas da comemoração do Dia dos Bens Culturais que se assinala desde 2011, o Serviço Diocesano propõe às paróquias a organização de uma mostra de uma peça da comunidade que ficará exposta durante um período de tempo, acompanhada de uma breve descrição da suas histórias
“Muitas vezes temos objetos valiosos mas não conseguimos valorizá-los e dar a conhecê-los à comunidade cristã porque sabemos pouco à cerca deles”, acrescenta Rute Gregório.
“Estes objetos são a tradução do desvelo pela palavra divina e são a materialização da fé” por isso devem ser estudados, exibidos e preservados, refere ainda.
“Na diocese estamos ainda numa fase inicial de conhecimento destes bens pois os inventários não estão completos e estão pouco aprofundados. Temos um trabalho muito grande pela frente” adianta.
O Dia dos Bens Culturais da Igreja assinala-se a 18 de outubro.
As paróquias foram convidadas a escolher uma peça valiosa do seu espólio e e exporem-na durante um determinado período de tempo.