Documento decide entrega do anel de bispo ao tesouro do Senhor Santo Cristo
O testamento espiritual de D. Aurélio Granada Escudeiro, lavrado em setembro de 2008, no Cartório Notarial de Castelo Branco, e aberto imediatamente após a sua morte, faz esta segunda-feira dois anos, determina que o anel que “sempre usou” faça parte do tesouro do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta delgada, ilha de São Miguel.
O documento que expressa as últimas vontades do Bispo Emérito de Angra, 37º prelado diocesano, foi publicado na edição de 2013 do Boletim Eclesiástico dos Açores, editado em maio deste ano, por altura do Conselho Presbiteral.
No documento, o prelado determina que “o anel que sempre usou será para a diocese de Angra, como sua propriedade, mas a fazer parte do tesouro do Senhor Santo Cristo dos Milagres de Ponta delgada, em sinal de muito amor e gratidão ao mesmo Senhor”.
No testamento fica, igualmente, decidido que a cruz peitoral “será para o museu da Sé de Angra” e o báculo “será para a igreja paroquial de Alcains”, terra de nascimento e de batismo. A mitra “será para o Seminário Episcopal de Angra” e a mitra simples “para o de Alcains”.
No testamento manifestava o seu desejo de “ser sepultado no cemitério de Angra, no jazigo dos Bispos”, caso falecesse nos Açores e, assim “poder beneficiar das orações do bom povo dos Açores, que muito amou e pelo qual consagrou a Deus os derradeiros anos da sua vida”.
O testamento prevê ainda, entre outras coisas, a entrega da sua biblioteca ao Seminário Episcopal de Angra bem como 20% das suas poupanças à Diocese.
No documento, D. Aurélio Granada Escudeiro deixa referências elogiosas à diocese e ao povo açoriano “a cujo bem se consagrou inteiramente”, “guardando-o no coração, buscando a sua união, progresso espiritual e santificação”.
Lamenta “não ter podido fazer mais nem alcançar a realização de todos os projetos que para a igreja de Angra desejou”.
D. Aurélio Granada Escudeiro faleceu no dia 25 de agosto de 2012, em Ponta Delgada, aos 92 anos de idade.
O prelado, 37 º bispo de Angra e cidadão honorário da cidade de Angra do Heroísmo, precedeu no cargo ao atual responsável pela diocese tendo sido nomeado como titular de Drusiliana e coadjutor de Angra a 18 de Março de 1974. Foi nomeado bispo a 26 de Maio desse ano.
A 30 de Junho, de 1979, foi nomeado bispo residencial da diocese açoriana, cargo que ocupou até 1996.
D. Aurélio Granada Escudeiro foi o responsável pela criação do secretariado para a Pastoral das Migrações e a Comissão Diocesana para a Comunicação Social, para além de uma comissão de ajuda aos refugiados, no pós-25 de abril.
Considerado por grande parte do clero diocesano como um homem “cheio de fé, convicções e ideias firmes”, contribuiu “muito para o crescimento da Igreja nos Açores”, como afirmaram alguns sacerdotes no dia do seu funeral à Agência de Notícias Lusa acrescentando que o bispo “marcou uma época conturbada”, já que assumiu a liderança da diocese açoriana em 1974.
Figura “incontornável” da Diocese, era conhecido pelo seu carácter austero e muito disciplinado.
Esta segunda-feira a sua memória foi evocada em várias celebrações. O Bispo de Angra, seu sucessor, presidiu à eucaristia da Sé destacando D. Aurélio como “um grande homem de igreja” a quem a Diocese de Angra “deve muito devido ao seu papel significativo na construção desta igreja”.