Sexta feira Santa Celebra Paixão do Senhor

Dia de luto entre os católicos.

A Sexta-feira Santa, que evoca a morte de Jesus, é um dia de jejum para os fiéis católicos, que não celebram a missa, mas uma cerimónia com a apresentação e adoração da cruz.

 

A Sexta-feira é um dia de intenso luto e dor mas iluminado pela esperança cristã. A devoção à Paixão do Senhor está fortemente arreigada na piedade cristã.

 

Este é um dia alitúrgico, no qual os fiéis podem comungar na celebração que decorre durante a tarde, perto da hora em que se acredita que Jesus terá morrido, nas igrejas desnudadas desde a noite anterior.

 

A parte inicial da celebração, Liturgia da Palavra, tem um dos elementos mais antigos da Sexta-feira Santa, que é a grande oração universal, com dez intenções que procuram abranger todas as necessidades e todas as realidades da humanidade, rezando pelos seus governantes, pela unidade entre os cristãos, pelos que não têm fé ou os judeus, entre outros.

 

A adoração à cruz e os vários momentos de oração apresentam-se como momentos de penitência e de pedido de perdão.

 

O sacerdote que preside à celebração está paramentado com a cor vermelha, que a liturgia católica associa aos mártires.

 

Ao final do dia, decorrem em muitos locais as procissões do enterro do Senhor e a via-sacra, que reproduz os momentos da prisão, julgamento e execução de Jesus.

 

O Departamento das Celebrações Litúrgicas do Papa divulgou os textos das meditações das estações da Via-Sacra que o Papa Francisco vai presidir nesta Sexta-feira Santa no Coliseu de Roma.

 

O texto refere que no madeiro da Cruz levado por Jesus até ao calvário estão “o peso de todas as injustiças que produziram a crise económica, com as suas graves consequências sociais: precariedade, desemprego, demissões, dinheiro que governa em vez de servir, especulação financeira, suicídios de empresários, corrupção e usura, juntamente com empresas que deixam os países”.

 

D. Giancarlo Bregantini alude também ao sofrimento das mulheres e pede para que se chore “pelas mulheres escravizadas pelo medo e a exploração”, afirmando que “não basta bater no peito e sentir comiseração”.

 

As mulheres devem “ser tranquilizadas como Ele fez, devem ser amadas como um dom inviolável para toda a humanidade”, acentua o arcebispo italiano.

 

Na Via-Sacra, presidida pelo Papa Francisco, o texto tem como tema «Rosto de Cristo, Rosto do Homem».

 

Numa das estações, D. Giancarlo Bregantini critica também as condenações e “acusações fáceis, os juízos superficiais entre o povo, as insinuações e os preconceitos que fecham o coração e se tornam cultura racista, de exclusão e de descarte, juntamente com as cartas anónimas e as calúnias horríveis”.

 

Perante estas fragilidades, o autor das reflexões questiona se os homens/mulheres de hoje sabem “ter uma consciência recta e responsável, transparente, que nunca volte as costas ao inocente, mas se posicione, com coragem, em defesa dos fracos, resistindo à injustiça e defendendo em todo o lado a verdade violada?”

 

Segundo D. Giancarlo Bregantini, Jesus ensina a viver, “não mais na injustiça, mas capazes, com sua ajuda, de criar pontes de solidariedade e esperança, para não sermos ovelhas errantes nem extraviadas nesta crise”.

 

“Lutemos juntos pelo trabalho na reciprocidade, vencendo o medo e o isolamento, recuperando a estima pela política e procurando juntos a saída para os problemas”, sublinha.

 

D. Giancarlo Bregantini pertence à Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo e é arcebispo de Campobasso-Boiano, no centro da Itália. É conhecido pelas suas posições contra a Mafia, que o levaram a publicar um livro dedicado ao tema, em 201

 

Amanhã celebra-se o Sábado Santo, que tal como a sexta-feira, é um dia alitúrgico, isto é, sem celebração da Eucaristia ou de outros sacramentos, considerado como o dia do ‘grande silêncio’.

 

A Vigília Pascal, que se celebra nas últimas horas deste dia, está ligada ao domingo e à festa da ressurreição de Jesus, representando o momento mais importante do calendário litúrgico da Igreja Católica.

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