Iniciativa encheu por completo a igreja paroquial das Furnas
A igreja paroquial das Furnas encheu-se por completo este sábado à noite para homenagear o Pe. José Jacinto Botelho, falecido há 72 anos, e cujo legado foi enorme quer do ponto de vista dos valores quer do ponto de vista da obra poética que deve ser compilada.
O desafio foi deixado pelo ouvidor da Povoação e também pároco das Furnas, Pe. Ricardo Pimentel, nesta homenagem ao sacerdote.
“É verdade que o Padre Botelho continua vivo no coração e nas vidas de muitas famílias deste Vale e não só… queiramos nós, depois desta sessão reler os seus escritos e imitar as suas virtudes” começou por afirmar deixando depois o desafio.
“Para que nada fique como dantes e para que este encontro tenha consequências visíveis e palpáveis, gostaria de desafiar o Instituto Cultural de Ponta Delgada a reeditar “Obra Poética” de António Moreno da responsabilidade do Doutor Eduíno de Jesus; desafio igualmente o Instituto Católico de Cultura a compilar em livro a dispersa obra por vários jornais e por publicar em livro, segundo o estudo brilhante que o Professor Doutor Teixeira Dias está a publicar n ”A Crença” sobre este nobre sacerdote”.
O Pe. José Jacinto Botelho foi recordado nas suas mais diversificadas facetas nas diferentes intervenções proferidas pelo ouvidor de Ponta Delgada, Cónego José Medeiros Constância; Pedro Pascoal em representação do Instituto Cultural de Ponta Delgada; Teixeira dias, investigador e Emanuel Jorge Botelho, em representação da família e que abaordaram a vida e a obra do sacerdote em todas as suas dimensões, em particular a literária descodificada neste contexto pelo investigador Teixeira Dias, que a par de Gualter Furtado, economista, foi um dos principais dinamizadores desta iniciativa promovida pela paróquia das Furnas.
“Apesar de não se encontrar fisicamente entre nós, continua presente pelos valores que transmitiu aos nossos antepassados, pela sua palavra serena e culta, compreensiva mas exigente e também pela sua poesia que tocou os nossos corações e extravasou o limite das nossas fronteiras”, referiu o economista Gualter Furtado na abertura da cerimónia.
“É importante nos Açores de hoje recordarmos e estudarmos aqueles que pela sua palavra e pela prática, ao longo da nossa história se esforçaram para que os residentes no vale das Furnas, nos Açores e na diáspora, tenham aberto e alargado novos horizontes, melhorando a sua vida cultural e espiritualmente” disse Gualter Furtado sublinhando que o Pe. José Jacinto Botelho “merece figurar no quadro de honra dos homens e dos padres que deram este contributo”.
Iniciativas e momentos como este “avivam a consciência do percurso histórico das paróquias e da Diocese, dando graças ; fortalecem o sentido de pertença às mesmas e motivam a vida e missão eclesial no testemunho e no anuncio do Evangelho”, disse por seu lado o ouvidor de Ponta Delgada, Cónego José Medeiros Constância, que falou sobre o homenageado como “um promotor da Fé Inculturada”.
“Realçando, a figura e obra do Padre Botelho não caímos no culto da personalidade , tão próprio da nossa época e da nossa sociedade , que após a morte ; e na actualidade , ainda mais – em vida, endeusa as pessoas com exageros de manifestações , condecorações e estátuas para depois ( que paradoxo!) os esquecer para sempre ou porque já não se acredita na Eternidade ou porque se quer eternizar o tempo presente” afirmou o sacerdote.
“Na sua acção e obra distinguiu-se num grande esforço por uma fé metida no coração do povo e na sua vida”, precisou, sempre ao ritmo dos ventos do Concílio Vaticano II.
“Ele estava inserido e colado à vida desta gente. Assim, pôde anunciar a proposta da Fé através da Palavra que iluminava a vida crente do povo que servia. A sua pregação profunda e simples feita ao alcance de todos , apreciada pelos cultos e pelos analfabetos ajudou a iluminar em narrativa e em exemplos os acontecimentos da vida”, concluiu.
“Olhando a acção deste bom e gigante pastor das Furnas bem podemos dizer que o povo entrou num processo de inculturação que acabou por se evangelizar a si próprio” disse o Cónego José Medeiros Constância.
“Esta promoção pastoral da Fé inculturada deu-se antes de mais porque o padre Botelho viveu com o seu povo as alegrias e tristezas; numa palavra , as realidades de vida desta terra nos aspectos : cultural, social e religioso . No fundo foi uma inculturação da fé no povo mas feita bastante pela sua pessoa e acção tendo sempre o mesmo povo como sujeito fundamental” acrescentou.
A cerimónia contou ainda com um momento musical interpretado pelo coro paroquial bem como pela Filarmónica Furnense.
(Noticia atualizada hoje às 10h30)