Jornalismo não é só profissão da verdade, mas missão

Por Renato Moura

O Sumo Pontífice abriu já caminho à reflexão sobre o Dia Mundial das Comunicações Sociais (13.05.18), publicando um documento com o título “«A verdade nos tornará livres (Jo 8,32)». Fake news e jornalismo de paz”, com um conjunto de afirmações, como sempre objectivas e claras, sobre a função primordial do jornalismo e a missão dos jornalistas.

Atento observador da preocupação pela difusão das notícias em primeira mão, do desassossego pela conquista de audiências, perfeitamente consciente dos danos irreparáveis de notícias falsas, Francisco afirma que “informar é formar, é lidar com a vida das pessoas”, razão pela qual defende um jornalismo “sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas”.

Na perspectiva humanista e de defesa dos mais frágeis, que sempre têm marcado o seu pontificado, defende um jornalismo feito “por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz”.

É uma mensagem que valeria reflexão atenta, adesão convicta e prática dos jornalistas. Igualmente daqueles que difundem informação, principalmente em blogs e redes sociais. Também formando para a escolha da qualidade quem consome produtos jornalísticos, ou como tal rotulados, sejam da imprensa, da rádio ou da televisão. Ainda deveriam aproveitar como reflexão ao comum dos cidadãos, contribuindo para terem uma verdadeira consciência da dimensão e consequências das novidades ou boatos que fazem circular.

Creio que será útil reproduzir e difundir, também aqui, o texto que conclui a mensagem, excelente para meditar, mas que o Papa propõe como “oração dos jornalistas”:

“Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz.

Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão.

Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.

Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.

Vós sois fiel e digno de confiança;

fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo:

onde houver ruído, fazei que pratiquemos a escuta;

onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia;

onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza;

onde houver exclusão, fazei que levemos partilha;

onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade;

onde houver superficialidade, fazei que coloquemos interrogações verdadeiras;

onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança;

onde houver agressividade, fazei que levemos respeito;

onde houver falsidade, fazei que levemos verdade.

Amen”.

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