Primeiro dia marcado por uma análise às respostas a três questões: problemas dos jovens; relação com a igreja e estratégias de pastoral juvenil
Termina hoje em Ponta Delgada a primeira assembleia de jovens com vista à preparação do congresso diocesano da juventude que se realizará em São Miguel, no próximo mês de junho.
Nesta primeira assembleia participaram cerca de 80 jovens e foi apresentada a conclusão do inquérito realizado aos jovens da ouvidoria de Ponta Delgada sobre três questões: principais problemas que os jovens enfrentam; a relação dos jovens com a igreja e as estratégias de pastoral juvenil a desenvolver.
As respostas enviadas por nove grupos foram analisadas ontem à tarde pela socióloga Piedade Lalanda numa sessão aberta pelo ouvidor de Ponta Delgada que desafiou os jovens a terem consciência do seu papel e da sua importância dentro da igreja.
O Cónego José Medeiros Constância sublinhou a presença de jovens nas igrejas, que “é grande” e desafiou os presentes a estarem atentos e a serem capazes de chamar cada vez mais jovens para uma “participação mais ativa”.
“Uma das coisas que quero partilhar convosco é uma experiência que tenho de há um tempo a esta parte. Como sabem estou também na Igreja do Santo Cristo e todos os dias entra muita malta jovem na igreja . Temos de estar atentos à sua presença e percebermos o que procuram, o que pensam e o que precisam”, disse o sacerdote pedindo aos jovens cristãos para serem as principais testemunhas de Jesus.
Já Piedade Lalanda fez uma intervenção a partir das respostas enviadas pelos nove grupos da ouvidoria para elencar os principais eixos da sua comunicação exortando os jovens a serem como um grão de fermento na vida da comunidade e da igreja.
Para os jovens de Ponta Delgada existe um “desinteresse e uma grande passividade” na atitude dos mais novos, o que conduz a um déficit de participação e à falta de interesse pela vivência comunitária. Entre os problemas identificados pelos diferentes participantes destaque para “a passividade, desinteresse, falta de iniciativa, comportamentos desadequados como excessos de tecnologia ou comportamentos aditivos”, que se materializam “ no desinteresse pela vida, em particular pela vida cristã” adensados pela “falta de vivência cristã das famílias e uma igreja que não ouve os jovens”. Curiosamente o desemprego e a falta de acesso ao ensino superior, problemas reais que existem na sociedade, são menos considerados pelos jovens de Ponta Delgada.
Sobre que respostas dá a igreja a estes problemas, os jovens de Ponta Delgada apontam baterias aos sacerdotes a quem pedem “mais tolerância”, maior capacidade de perceção sobre o que é celebrar para e com jovens e a necessidade de se inovar a comunicação dentro da igreja.
Segundo a análise da investigadora, os jovens consideram que “O discurso da igreja deve encarar os problemas dos mais jovens; a igreja tem de ser mais aberta e menos critica, mais atual e mais verdadeira no testemunho”.
Outro dos aspetos levantados pelos jovens cristãos prende-se com a vivência comunitária sublinhando a importância de olhar o outro, fazendo a diferença.
“Vocês identificam os problemas e apontam soluções” por isso devem ser “o tal grão de fermento”, disse Piedade Lalanda.
Depois da conferência, seguiu-se um jogo interativo com todos os presentes.
Durante esta manhã de sábado os participantes na primeira assembleia de jovens de Ponta Delgada vão ouvir o testemunho de um casal jovem e de uma religiosa.
A assembleia de jovens de Ponta Delgada termina com uma Eucaristia na igreja Matriz de São Sebastião, concelebrada pelo ouvidor e pelo diretor diocesano da pastoral juvenil, Pe Norberto Brum, que ontem na abertura dos trabalhos desafiou os jovens cristãos a “fazerem a diferença” e a “não passarem a bola a outros”.
“Temos a tendência para achar que a culpa por isto e por aquilo é sempre dos outros; façamos um esforço para olhar para nós e vermos como é que nós podemos fazer diferente”.