Pelo Pe. Artur Cunha
Povoada por 450 almas, a mais pequena ouvidoria da diocese de Angra- o Corvo- vive como uma família numerosa. É assim que o recém reconduzido ouvidor eclesiástico do Corvo, Pe. Artur Cunha, vê os seus paroquianos. À ouvidoria corresponde apenas uma paróquia- a de Vila Nova do Corvo- e é aí, na Vila, que residem os corvinos.
Com missa diária, ainda se reza todos os dias o terço na igreja da mais pequena ilha do arquipélago.
“O Papa Leão XIII referiu-se a isso num dos seus documentos destacando a ilha atlântica onde todos os dias se reza o terço” referiu ao igreja Açores o ouvidor corvino, Pe. Artur Cunha.
Chegou à ilha por um período de um ano, a convite do anterior bispo de Angra, D. António de Sousa Braga.
“Vinha para ver se me habituava e agora, se tudo correr bem, aqui vou ficar pelo menos até 2019” refere dizendo que no Corvo “não há pobreza” e a população “vive num clima de boa vizinhança”.
“Todos se conhecem e respeitam. O sentido de entre ajuda é muito grande e por isso posso dizer que esta comunidade é uma grande família”, afirma.
A catequese conta com cerca de 55 jovens- a frequência “é de 100%”- tantos quantos os que existem na ilha que já oferece o ensino secundário até ao 12º ano retardando, assim, a saída dos mais novos.
“Eles gostam de cá estar e são muito ativos. Mesmo as crianças que acompanham os pais que vêm trabalhar para cá frequentam a catequese” refere o sacerdote.
Na ilha existe o grupo de catequese, de escuteiros, a filarmónica, a Irmandade do Divino Espírito Santo, o Grupo Coral, as Comissões de Festas, numa palavra “temos leigos muito comprometidos” diz o sacerdote que elege como prioridade a transmissão da fé.
“Estamos muito empenhados com a fé dos nossos jovens e com o empenho deles em todas as actividades que possam permitir o progresso da comunidade” adianta o pe. Artur Cunha.
“É claro que não podemos exigir mais deles, mas estamos muito entusiasmados com o empenho das crianças e dos jovens tendo em consideração o tempo que têm disponível” adianta ainda.
É com os jovens e com a restante população que vive, sem outras paróquias e outros colegas, o que não o impede de estar em permanente contacto com a realidade exterior.
“Hoje, felizmente, as novas tecnologias ajudam-nos a quebrar o isolamento e eu acompanho e sinto-me acompanhado por outros colegas padres, com quem falo e discuto os problemas” refere ainda.
É nas festas, sobretudo populares, que a ilha se enche. Santo Antão, São Pedro, Sagrada Familia ou a padroeira Nossa Senhora dos Milagres atraem dezenas de pessoas à ilha. É nessa altura que a igreja enche. Nada que preocupe o sacerdote que lembra que a religiosidade popular é uma das formas de manter viva a fé do povo.
“No Corvo temos gente muito empenhada” adianta lembrando que nesta família o seu único desafio continua a ser “servir e dar o meu melhor com a ajuda de Deus e dos corvinos”.