Assistente Diocesano da Família defende “novo paradigma” da pastoral familiar assente na Amoris Laetitia
O assistente do Serviço Diocesano da Família e Laicado defendeu hoje em Fátima a criação de um novo modelo de paróquia, “amiga das famílias”, que seja capaz de ser “família de famílias”, mesmo aquelas que possam estar “em situação irregular”.
“O novo paradigma proposto pela exortação Amoris Laetitia coloca-nos o desafio de eleger a alegria do amor na família e para isso nas nossas paróquias temos de ser capazes de responder com esse amor dando sinais credíveis do que é um casal e do que é a alegria de viver em família na simplicidade do amor” disse ao Igreja Açores o Cónego José Medeiros Constância, que participa nas 29º Jornadas Nacionais da Família, com o tema ‘O Evangelho da Família, alegria para o mundo’, no centro Paulo VI, em Fátima
“Queremos que a paróquia seja uma família de famílias, ao lado de todas as famílias, mesmo aquelas que vivem de forma irregular mas que não deixam de ser famílias acompanhando-as, ajudando-as a discernir e integrando-as”, precisa o sacerdote que participa nestas jornadas com vários casais da pastoral familiar e com o assistente diocesano do Curso de Preparação para o Matrimónio.
Para o sacerdote é preciso “compreender a situação real das famílias, estar ao seu lado a ajuda-las a discernirem e a integrarem-se nas comunidades para serem também elas membros ativos da comunidade” disse ainda sublinhando que esta alegria não pode ser “artificial”.
“A alegria é sempre dorida pois um casal alegre também tem problemas, com renúncias e sofrimentos. Não se trata de um anuncio supérfluo da alegria; teremos de ir ao encontro de todos com uma alegria que admite o difícil não para aí ficarmos mas para ultrapassarmos as dificuldades”, conclui o sacerdote.
O Sacerdote apelou ainda à criação de uma “rede de famílias” capaz de assumir a tarefa de “acompanhar outras famílias” para além dos movimentos.
“A grande decisão é continuarmos na revolução de querermos aplicar a Amoris Laetia em todos os sentidos que é uma visão muito positiva da família”, disse ainda.
Este é, igualmente o desejo do novo casal responsável pelo Serviço Diocesano. Manuel Francisco e Silvia Sousa participam neste encontro que termina este domingo e garantem que estão disponíveis para” implementar uma pastoral familiar em que as famílias contem”.
“A nossa expetativa é em comunhão com outras dioceses percebermos as realidades e as dinâmicas que estão a ser desenvolvidas em prol da familia para alinharmos estratégias e cumprirmos o repto do Papa Francisco”, disse ao Igreja Açores Manuel Francisco Sousa.
“O desafio é mudarmos e sermos pela alegria no dia a dia nas famílias que são o suporte e o veiculo da evangelização com um olhar mais positivo sobre a realidade” acrescentou Silvia Fonseca e Sousa que tem um objetivo: “chegar ao maior número de famílias” sejam as cristãs sejam as outras “porque devemos também olhar para essas famílias que se encontram fora da igreja”.
Ainda este sábado o Papa Francisco defendeu a importância da misericórdia e da formação da consciência para superar os problemas familiares, por parte dos católicos.
“Jesus indica como remédio a misericórdia, que cura a dureza do coração, restaurando as relações entre esposo e esposa e entre pais e filhos”, refere, numa mensagem enviada aos participantes do simpósio de estudo sobre exortação pós-sinodal «A Alegria do Amor», promovido pela Conferência Episcopal Italiana.
O ‘Evangelho do amor, entre consciência e norma’ é o tema da iniciativa que reúne este sábado, em Roma, bispos, teólogos, professores, agentes de pastoral, reitores de seminários e delegados da pastoral familiar de outros países europeus.
O Papa adverte para a confusão entre “primado da consciência” e a “autonomia exclusiva do indivíduo com respeito às relações que vive”.
A mensagem destaca a necessidade de “formar” a consciência de cada pessoa.
“No íntimo de cada um de nós existe um lugar onde o Mistério se revela e ilumina a pessoa, tornando-a protagonista de sua história. A consciência – como recorda o Concílio Vaticano II, é este ‘núcleo secreto’, o sacrário do homem, onde ele fica sozinho com Deus, cuja voz ressoa na intimidade”, precisa Francisco.
O Papa elogia a iniciativa da Conferência Episcopal Italiana, que “responde ao desejo de família que tem emergido nas últimas gerações”.
“O amor entre homem e mulher é uma das experiências humanas mais geradoras, é fermento da cultura do encontro e traz ao mundo de hoje uma injeção de socialização: o bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja”, afirma.
Francisco fala desta consciência como um dom da “graça divina” que “ilumina e fortalece o amor conjugal e a missão parental”.
A mensagem deixa votos que de que a exortação ‘Amoris Laetitia’ “possa contribuir na formação dos animadores de grupos familiares em paróquias, associações e movimentos; e amparar o caminho das famílias, ajudando-as a viver a alegria do Evangelho e a ser células ativas na comunidade”.
Esta edição das jornadas nacionais da pastoral familiar em Fátima tem em mente a preparação para o IX Encontro Mundial das Famílias, que se realizará em Dublin, entre 22 e 25 de agosto de 2018.
(Com Ecclesia)