Um testemunho pessoal sobre o Papa Francisco

Pe João Chaves Bairos, responsável diocesano pela Pastoral Missionária, destaca em discurso direto, a capacidade do Papa para ser um homem do seu tempo.

“Faz um ano que fui surpreendido com a escolha do Cardeal Jorge Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires, para suceder ao Papa Bento XVI.

 

Era pessoa e figura que tive o privilégio de conhecer e contatar pessoalmente nos anos em que trabalhei na Santa Sé, na Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, de que também ele era membro.

 

Esperava que sucedesse a João Paulo II e não, confesso a estranheza, vê-lo ascender ao Papado oito anos mais tarde; estranheza, mas alegria, por esperar que ele viesse introduzir, como realmente veio, um novo estilo de encarnação e atuação do Primado.

 

A proximidade humilde e amiga e a ironia inteligente eram dotes que  caraterizavam o Cardeal Bergoglio e cativavam quem com ele se relacionasse.

 

O nome que assumiu como ícone e programa de Pontificado bem sintetiza uma e outro.

 

Sendo jesuíta, inicialmente se pensava que se quisesse inspirar no grande evangelizador, que foi São Francisco Xavier; era porém a sua alma franciscana que vinha ao de cima, com tudo o que São Francisco significa para a Igreja e para o mundo.

 

A maneira como o novo Papa se apresentou na varanda da Basílica Vaticana, dizendo que vinha do fim do mundo e aquele seu pedir a bênção ao povo e rezar com ele fórmulas populares quanto antigas, completaram o quadro e alimentaram a expectativa da novidade que, naquele anoitecer de 13 de março de há um ano, irrompia nos corações de todos.

 

Para mim, o Papa Francisco é a síntese que se esperava para os tempos de hoje: a racionalidade da cultura europeia com a cordialidade e alegria da cultura latino-americana; a síntese do que o jesuíta e o franciscano têm de melhor; a junção do passado e do presente; a fidelidade à tradição, mas expressa nas exigências de um futuro, já presente, que reclama uma encarnação, na linha da que Jesus operou e que a Igreja, nas melhores páginas da sua história, traduziu.

 

Acreditando que o Papa Francisco foi um dom do Espírito Santo à Igreja e ao mundo, acredito também que lhe serão dadas vida, energia e sabedoria, para que a sua voz e atuação não constituam um fenómeno isolado e passageiro.

 

O Papa Francisco saberá certamente rodear-se de uma equipa corajosa e prudente, que faça sentir a novidade também naqueles sectores do pensar e do viver eclesiais, que um certo receio de mudança tem mantido estáticos.

 

Se há uma virtude que encarna o Pontificado do Papa, vindo de longe, é a esperança, que também vem de longe, mas que promete concretizar-se.

 

Ajudemos um e outra!”

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