Jornadas de Comunicação Social promovidas pela Ecclesia arrancaram esta tarde em Lisboa
Não há sector social que “exija tanto” do homem como a comunicação social e o jornalismo, em particular, disse esta tarde o presidente da Comissão dos Bens Culturais da Igreja, Cultura e Comunicações Sociais no arranque das Jornadas Nacionais de Comunicações Sociais sob o lema “Comunicação: criatividade e partilha”.
“Não há sector social que exija tanto do homem” disse D. João Lavrador sublinhando que esta exigência implica “criatividade e fidelidade” a valores essenciais, o que na informação da igreja significa fidelidade ao Evangelho, tornando a mensagem cristã “atraente”.
Por isso, diz o bispo de Angra é preciso que o jornalista, sobretudo o jornalista de inspiração cristã, possa corresponder a quatro desafios na informação que produz:a promoção da dignidade humana, a edificação do bem comum, a exigência da verdade e a integração comunitária, num atenção privilegiada pelos excluídos.
“É forçoso que encontremos as renovadas energias para responder aos desafios atuais” disse ainda o responsável da Conferência Episcopal no sector das Comunicações Sociais.
O responsável considerou que há uma reflexão “oportuna e necessária” para implicar todos os comunicadores católicos nesta “obrigação da Igreja de usar as redes sociais e as novas tecnologias”.
Apesar das dificuldades e limitações, acrescentou o bispo de Angra, é preciso “encontrar sempre renovadas energias”, colocando maior acento na “partilha” do que na “difusão”.
As jornadas nacionais de Comunicação Social oferecem este ano particular relevo à divulgação de novos projetos editoriais e tecnológicos.
Em destaque estará uma ‘mostra multimédia’ onde os vários órgãos de comunicação da Igreja Católica inscritos no certame, vindos das várias dioceses do país, poderão dar a conhecer ao público os recursos que têm à disposição.
O encontro anual, que este ano se realiza no auditório da Rádio Renascença, em Lisboa, depois de mais de duas décadas a realizar-se em Fátima, pretende debater com “profissionais de referência” a informação nas redes sociais, disse o Secretário Nacional das Comunicações Sociais, Cónego Américo Aguiar.
O primeiro orador das jornadas foi José Manuel Fernandes, Publisher do Observador que falou sobre a nova realidade do jornalismo com o aprofundamento das redes sociais.
Na conferência “Informar no ambiente das redes sociais”, o jornalista que lidera um dos jornais portugueses de referência na internet, falou dos desafios que a internet colocou ao jornalista e das exigências a que ele está diariamente sujeito.
Com a internet o conhecimento das noticias “democratizou-se e hoje o papel do jornalista alterou-se de uma forma muito substancial” disse José Manuel Fernandes.
“O lugar de levar e trazer notícias passou à história… o jornalista deixou de ser o estafeta da informação e passou a ter um papel de maior responsabilidade social, porque o público pede mais interpretação e esclarecimento ao invés da informação” acrescentou.
“Trata-se de funções mais complexas e evoluídas; há um trabalho mais exigente que é também mais interessante e temos de ter dele uma noção mais clara dos seus objetivos” afirmou ainda o publisher do Observador alertando para o perigo de uma “subjetividade” levada ao extremo.
O jornalista afirmou, ainda, que as redes sociais ampliaram o perigo da “tribalização” mas sendo o lugar onde estão as pessoas, os jornalistas devem estar e ter a consciência de que se trata de “terrenos escorregadios”.
As Jornadas Nacionais de Comunicações Sociais prolongam-se até amanhã com workshops sobre informação na rede e escrita criativa nas redes sociais.