Papa Francisco tem valorizado o papel das mulheres na Igreja

Ao longo do primeiro ano de pontificado o Papa falou várias vezes na importância da mulher na Igreja Católica.

A ex-deputada, Rosário Carneiro acredita que o papel das mulheres na Igreja não vai mudar mas elogia a atenção que o Papa lhes tem dado, ao falar em vários momentos do pontificado na importância da mulher na Igreja.

 

 

“Apesar de tudo no discurso do Papa não há sinais de uma Igreja com mais mulheres, tornando a Igreja menos masculina. Francisco reitera toda a importância que a mulher tem na Igreja mas diz também que a sua dignificação não passa pela sua clarificação” mostrando assim que “não há abertura” para mudanças no papel da mulher na Igreja Católica, refere Rosário Carneiro em declarações à Agência ECCLESIA.

 

O papel das mulheres na Igreja e se elas devem ou não estar mais presentes no seio da organização é algo que a ex-deputada portuguesa considera ser “um dos grandes desafios da Igreja contemporânea” a par “do celibato”.

 

“Mas o Papa tem a prudência de dizer que está a ouvir e é bom ouvir porque é ouvindo que se podem escrutinar os sinais do tempo, não ir atrás da espuma dos tempos que passa e nada fica mas sim ter sinais das tendências, do sentir de uma comunidade que é a Igreja laica”.

 

Uma mudança no papel da mulher seria “uma mudança estrutural e de contextos sociais” porque o mundo é muito diferente “do que era há 50 anos, nem que seja a nível geográfico”, conclui Rosário Carneiro em declarações à Agência ECCLESIA.

 

Durante uma conversa com os jornalistas no avião que fazia a viagem de regresso ao Vaticano depois da participação nas Jornadas Mundiais da Juventude, que decorreram em julho do ano passado no Rio de Janeiro, Francisco falou sobre o papel das mulheres na Igreja dizendo que “é necessário fazer uma profunda teologia da mulher”.

 

“Uma Igreja sem as mulheres é como o Colégio Apostólico sem Maria. O papel das mulheres na Igreja não é só a maternidade, a mãe de família, mas é mais forte: é precisamente o ícone da Virgem Maria, de Nossa Senhora; aquela que ajuda a Igreja a crescer”, afirmou na altura.

 

Na sua primeira exortação apostólica, ‘Evangelii Gaudium’ (a alegria do Evangelho, em português), o Papa Francisco afirma que a Igreja Católica tem de “ampliar os espaços” para uma presença feminina “mais incisiva” alargando essa presença aos “vários lugares onde se tomam as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais”.

 

Já antes do documento ser conhecido, em outubro de 2013 Francisco abordou o tema num seminário de estudo promovido pelo Conselho Pontifício para os Leigos, no 25.º aniversário da carta apostólica ‘Mulieris dignitatem’ (a dignidade da mulher), de João Paulo II.

 

“Eu sofro, de verdade, quando vejo na Igreja ou nalgumas organizações eclesiais que o papel de serviço, que todos temos e devemos ter, da mulher resvala para um papel de ‘servidão’”, referiu Francisco propondo nesta ocasião uma maior valorização do papel da mulher na Igreja.

 

Para o Papa quando as mulheres desempenham funções de “servidão” e não “serviços” na Igreja é porque não se “entendeu bem” o que devem fazer.

 

A mulher, precisou, “tem uma sensibilidade particular pelas ‘coisas de Deus’, sobretudo no ajudar a compreender a misericórdia, a ternura e o amor de Deus”.

 

“Apraz-me pensar que a Igreja não é ‘o Igreja’, é mulher. É mãe. Isto é belo”, acrescentou.

 

Uma ideia que reforçou no final do mês de janeiro deste ano quando recebeu em audiência participantes num congresso promovido pelo Centro Italiano Feminino.

 

Nesta ocasião o Papa Francisco afirmou que a Igreja Católica e a sociedade devem abrir “novos espaços e responsabilidades” à “presença e atividade” das mulheres porque o contributo do “génio feminino continua a ser imprescindível”, sobretudo no âmbito da família, face às profundas transformações culturais e sociais das últimas décadas.

 

Hoje, dia 8 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher.

Scroll to Top