Desequilíbrio financeiro gera «sequelas» do ponto de vista social

Economista Joaquim Cadete alerta para a persistência do desequilíbrio financeiro em Portugal.

O economista Joaquim Cadete alerta para as dificuldades geradas pelo “desequilíbrio financeiro” em Portugal, deixando cada vez mais “sequelas do ponto de vista social” devido a “uma maior desigualdade na distribuição do rendimento e da riqueza”.

 

 

“Infelizmente, as dificuldades que hoje sentimos vão permanecer connosco por um período bastante longo, dado não ser possível corrigir os desequilíbrios de décadas em três ou quatro anos” e “o processo de reequilíbrio financeiro do país tende a gerar sequelas do ponto de vista social, que passam por uma maior desigualdade na distribuição do rendimento e da riqueza”, escreve Joaquim Cadete, na mais recente edição Semanário ECCLESIA.

 

“O Santo Padre deixa-nos um forte apelo à participação esforçada na resolução das carências da comunidade”, sintetiza o economista referindo-se em específico a uma frase da mensagem de Quaresma do Papa: “desconfio da esmola que não custa nem dói”.

 

Joaquim Cadete lembra que a entrada de Portugal no projeto da União Europeia trouxe ao país “o acesso a inúmeros fundos comunitários, bem como a condições de financiamento favoráveis ao longo de muitos anos”.

 

“Em contrapartida, exigia-se a elaboração e implementação de uma visão estratégica para o país, de forma a prepará-lo para os desafios decorrentes da nova vaga de globalização”, o que “os vários governos, maioritários ou minoritários, adiaram sucessivamente a concretização de reformas, ditas estruturais, dado que implicavam custos a curto prazo e benefícios apenas a médio e longo prazo”, lamenta o economista.

 

Em artigo de opinião publicado no Semanário ECCLESIA, Joaquim Cadete refere que “o imediatismo reinante na sociedade atual favoreceu este comportamento por parte dos decisores políticos, dado o défice de exigência por parte dos eleitores” que traçaram com esse comportamento “um caminho mais apetecível de trilhar” para os governantes “uma vez que bastava definir uma política de facilitismo para garantir o sucesso imediato entre a população”.

 

“O progressivo declínio da indústria nacional, o efeito decorrente do envelhecimento da população e os recorrentes défices públicos foram temporariamente escondidos pelo recurso à contratação de dívida pelas famílias, empresas e Estado”, conclui

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