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A Festa da Vitória, uma das mais tradicionais e típicas da ilha Graciosa, nos Açores, saíu à rua no passado dia 6 de junho, depois de uma celebração ao fim da tarde na ermida que acolhe Nossa Senhora da Vitória, que acontece sempre na terça-feira do Espírito Santo.
A festa de Nossa Senhora da Vitória é um voto secular dos graciosenses que assinala a comemoração da vitória numa batalha entre os locais e piratas mouros que atacaram a ilha em 1623, no lugar então designado por Afonso do Porto. Da luta resultaram reféns de ambos os lados. O relato histórico está registado sobre a porta interior da sacristia da ermida recuperada no ano passado. Segundo a tradição este ataque custou a vida ao almirante príncipe mouro que terá ficado sepultado próximo da ermida. Um dos reféns levados para Argel foi o capitão Pedro Cunha Ávila que, depois de libertado, pediu esmola em Lisboa para adquirir a imagem da Senhora da Vitória. Com ela regressou à Graciosa e construiu a ermida com a ajuda do povo, destaca uma nota enviada ao Igreja Açores.
Esta festa já foi das maiores romarias da Graciosa. No livro “Vitória – nos recantos da saudade”, o padre Norberto Pacheco, natural deste lugar, escreve: “No ar pairava o cheiro apetecível dos petiscos: linguiça frita, torresmos de vinha d’alhos, peixe de molhanga, galinha assada e tudo regado com boa pinga de verdelho ou de cheiro”.
Os votos renovam-se anualmente e os graciosenses continuam a acorrer em massa a este lugar.