Orador convidado foi o bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes
A santidade não é uma meta que consigamos alcançar pelas nossas virtudes mas uma condição que recebemos de Deus e que devemos exercitar seja em condições especificas como as vividas pelo Beato João Baptista Machado seja nas nossas vidas quotidianas, disse esta quinta feira o bispo de Coimbra, em Angra do Heroísmo, no arranque do Colóquio que assinala os 400 anos do martírio do Beato que é padroeiro da diocese de Angra.
“Nós nunca nos podemos tornar santos se não recebermos essa condição de Deus” disse D. Virgílio Antunes sublinhando que “a santidade não é algo que se assuma como uma meta mas uma condição que devemos exercitar porque a recebemos de Deus no Baptismo e depois cabe-nos a nós conformarmos a nossa vida com os valores propostos por Deus”.
Para o bispo de Coimbra trata-se de uma “entrega a Cristo a favor dos irmãos” e por isso “todos somos chamados à santidade independentemente da nossa opção de vida” seja no sacerdócio, seja na vida laical.
D.Virgílio Antunes percorreu a noção de Santidade no Antigo e no Novo testamentos para concluir que “Só Deus é Santo” e nós “só somos chamados à Santidade porque somos investidos desse dom pelo batismo”.
O prelado de Coimbra teceu ainda considerações sobre o Amor e a Misericórdia, como duas condições da santidade de Deus que devemos exercitar com “os irmãos”.
“Falar de Deus Santo é falar do Deus Amor e portanto falar do homem Santo é falar do homem que se realiza no Amor” destacou D. Virgílio Antunes sublinhando que “a própria vida cristã só se realiza no amor e na doação do Homem a Deus e aos irmãos”.
“Somente o amor é a resposta plena que o homem pode dar a Deus; Deus não pede sacrifícios nem oblações, mas sim uma entrega verdadeira e essa entrega só pode ser uma relação de amor”, concluiu.
O Colóquio que assinala os 400 anos do martírio do Beato João Baptista Machado, padroeiro da diocese de Angra, natural da ilha Terceira, é uma iniciativa do Instituto Histórico da Ilha Terceira e da Diocese de Angra, com o apoio de Centro de História de Além Mar da Universidade dos Açores e da Universidade Nova de Lisboa.
Para o presidente do Instituto Histórico da Ilha Terceira, Cónego João Maria Mendes, este colóquio é uma forma de “celebrarmos o martírio de um homem que deu a vida em nome da fé” não só por ser um filho da ilha mas “para percebermos o contexto histórico desta época. E para aprofundar o papel da Companhia de Jesus nestas ilhas”.
Trata-se de “uma oportunidade para perceber melhor a centralidade e o posicionamento dos Açores na relação com a rota do oriente, numa altura em que já tínhamos uma diocese fundada e sopravam os ventos da contra reforma”, disse o sacerdote organizador deste encontro que decorre esta sexta feira abordando as várias dimensões da vida, da obra e do compromisso com a Igreja de Jesus Cristo por parte deste terceirense, missionário no Japão e morto no domingo da Santíssima Trindade, segundo domingo de bodo do Espírito Santo nas ilhas açorianas “o que também não deixa de ser uma coincidência”.
Para o bispo de Angra, que encerrou a sessão solene de abertura do Colóquio, João Baptista Machado, tal como todos os mártires “ensinam-nos a balizar as nossas vidas” e a mostrar “que “há uma finalidade” no martírio e na entrega : “dar a vida para a receber em troca.”
“Damos a vida porque estamos convictos de que estamos a seguir o caminho da verdade e a verdade para um cristão não é uma ideia mas uma pessoa e essa pessoa é Cristo”, disse D. João Lavrador.
O colóquio prossegue esta sexta feira e termina com uma missa solene na catedral que será presidida pelo bispo de Angra.
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