Missa Campal do Santo Cristo foi concelebrada pelos bispos D. João Lavrador e D. António de Sousa Braga
O bispo de Fall River, D. Edgar da Cunha, que presidiu este domingo à Missa campal do Senhor Santo Cristo, desafiou os peregrinos a serem “testemunhas vivas e comprometidas” da fé, resistindo contra “o mal e as tentações” que o mundo oferece.
“Hoje como no tempo dos apóstolos existem tantas dificuldades e sofrimentos, resistência, oposição e indiferença à nossa fé; se ligarmos a televisão, lermos jornais e acedermos à internet vemos guerras, faltas de respeito para com o valor essencial da vida, cristãos perseguidos pelo simples facto de terem fé, governos e sistemas políticos que querem eliminar os valores da nossa fé, nós precisamos de lutar”, afirmou o prelado.
“Não nos deixemos abater pelos profetas do mal e das trevas, por aqueles que procuram espalhar a duvida, o ódio, o terror e o egoísmo” apelou D. Edgar da Cunha sublinhando que neste “momento difícil que o mundo atravessa”, “é a nossa vez de acender a luz de Deus e renovar a face da terra”.
“Se cada um de nós trouxer mais uma pessoa para a igreja já está a cumprir esse mandamento novo”; “não podemos ficar à espera”, disse ainda apelando a “uma permanente saída para a evangelização”.
E deixou um repto às famílias e aos jovens para “darem mais tempo às pessoas e a Deus “ do que “às realidades deste mundo”.
“Na vida há sempre quem acenda o fogo e quem o procure apagar; cabe-nos a nós, a cada um de nós, acender sempre este fogo”, precisou.
O bispo de Fall River, que preside à edição deste ano das Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada, assentou toda a sua homilia neste milagre da conversão e santificação desafiando os presentes a consciencializarem-se de que a fé não é estática e que exige um permanente esforço de conversão, através da “oração e da abertura do coração a Deus”.
“Nós caminhamos guiados pela luz da nossa fé, pela luz do Espírito Santo e temos que manter acesa essa chama da fé e o fogo do Espírito Santo que recebemos no batismo”, adiantou.
Para o prelado quem não tem fé “não tem qualquer âncora” e perde necessariamente a esperança num mundo diferente.
“Tirem Deus do nosso mundo e verão o que irá acontecer” destacou o prelado questionando “O que seria de nós sem o dom da fé, como enfrentaríamos o sofrimento e as dificuldades da vida; como vivíamos a esperança”.
- Edgar da Cunha foi nomeado bispo de Fall River em 2014 e visita pela primeira vez os Açores. Agradeceu o convite e assumiu-se como portador de “um abraço” das comunidades da diáspora, onde a “fé ainda permanece” e este “parece ser o maior milagre do Senhor Santo Cristo”.
Esta missa, concelebrada por mais dois bispos- D. João lavrador, bispo de Angra e D. António de Sousa Braga, bispo emérito de Angra- e por vários presbíteros é um dos pontos altos das festas do Senhor Santo Cristo.
O reitor do Santuário, cónego Adriano Borges, fez uma saudação inicial sublinhando a importância da presença do bispo de Fall River que assim consolida a ponte entre este culto açoriano e as comunidades açorianas da diáspora.
O cónego Adriano Borges deixou, ainda, uma palavra aos peregrinos, em especial aos doentes, no sentido desta Eucaristia provocar “um aumento da nossa fé” e que o olhar misericordioso do Senhor “nos possa contagiar de forma a que também nós possamos olhar os nossos irmãos com o mesmo olhar de misericórdia”.
À tarde a imagem do Senhor Santo Cristo percorre as principais ruas de Ponta Delgada num giro processional que demora cerca de 4 horas.