Inquérito sobre família mostrou «sofrimento»

Secretário-geral do Sínodo dos Bispos aborda desenvolvimentos da assembleia sinodal extraordinária.

O secretário-geral do Sínodo dos Bispos disse ao jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, que as respostas ao questionário para a assembleia sinodal extraordinária sobre a família mostraram “muito sofrimento” de quem se sente fora da Igreja.

 

“As respostas apresentam muito sofrimento, sobretudo da parte dos que sentem excluídos ou abandonados pela Igreja por se encontrarem num estado de vida que não corresponde à sua doutrina e à sua disciplina”, declarou D. Lorenzo Baldisseri, que foi hoje criado cardeal pelo Papa.

 

Entre segunda e terça-feira vai decorrer uma reunião da Secretaria do Sínodo dos Bispos para preparar a assembleia extraordinária do episcopado católico, que de 5 a 19 de outubro vai analisar o tema ‘Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização’.

 

O cardeal Baldisseri afirmou que a iniciativa sinodal abriu “um caminho de confiança para muitos que a tinham perdido”.

 

“A figura do Papa Francisco comprova, dia após dia, uma nova abordagem humana e cristã que faz vibrar as pessoas, dispondo-as à escuta e ao acolhimento daquilo que é bom para elas, mesmo quando há sofrimento”, precisou.

 

O texto preparatório para o próximo Sínodo foi acompanhado por um questionário com 38 perguntas para promover uma consulta alargada às comunidades católicas sobre as principais questões ligadas à família e ao casamento.

 

D. Lorenzo Baldisseri adianta que até 19 de fevereiro tinham chegado à Secretaria Geral cerca de 80% das respostas que são esperadas no Vaticano, enviadas pelas Conferências Episcopais, além de mais de 700 respostas individuais e de grupo.

 

O secretário-geral do Sínodo dos Bispos destaca que os contributos sublinham “a urgência de tomar consciência das realidades vividas pelas pessoas, de retomar o diálogo pastoral com as pessoas que se afastaram, por várias razões”.

 

Os membros da Secretaria Geral vão analisar o primeiro esboço do instrumento de trabalho (‘instrumentum laboris’) para a assembleia sinodal extraordinária, “fruto do inquérito efetuado com o documento preparatório que incluía o questionário”.

 

A elaboração deste instrumento de trabalho vai incluir um período de dois meses para integrar novos contributos e “estudos pontuais” sobre aspetos de “maior interesse e complexidade, pelo que em maio poderá haver uma nova reunião do conselho ordinário da Secretaria Geral para redigir o texto final a enviar aos presidentes das Conferências Episcopais.

 

O tema da família esteve em debate entre quinta e sexta-feira no consistório extraordinário convocado pelo Papa Francisco, com a presença de cerca de 150 prelados e intervenções de 69 cardeais.

 

“O Santo Padre pronunciou um breve discurso de encerramento, agradecendo a todos os participantes e manifestando a convicção de que o Senhor levou a Igreja a enfrentar o tema do Evangelho da família”, revelou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, em comunicado.

 

O Sínodo dos Bispos, uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, vai ter duas assembleias gerais dedicadas ao tema da família, uma extraordinária em outubro de 2014 e outra ordinária em outubro de 2015.

 

D. Lorenzo Baldisseri afirmou, a respeito desta instituição, que é “óbvio que o Papa Francisco quer um papel novo para o Sínodo”.

 

“Antes de mais, quer que seja realmente expressão da colegialidade no governo da Igreja”, precisou.

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