Trabalhos de alunos de arquitetura da Universidade dos Açores recriam o pós Dilúvio a partir de um texto de José Eduardo Agualusa.
A Galeria Arco 8, em Ponta Delgada, exibe a partir desta sexta feira uma exposição com trabalhos de alunos do 1º ano do Curso de Arquitetura da Universidade dos Açores, intitulada “A Vida no Céu”.
Trata-se de uma mostra de trabalhos desenvolvidos no âmbito da Disciplina de Arquitetura I sob orientação da Docente Arqtª Joana Guarda, a partir de um excerto de um texto de José Eduardo Agualusa no qual o autor “perspetiva o que seria o futuro da Humanidade depois de um Dilúvio”.
“Pediu-se aos alunos a tradução espacial desta nova cartografia sugerida pelo autor, suspensa no céu sobre uma imensidão de mar”, adianta uma nota da Galeria a que o Portal da Diocese teve acesso.
O texto intitulado “Depois que o mundo acabou fomos para o Céu” recria o grande desastre – o Dilúvio – que aconteceu há mais de trinta anos, durante o qual o mar cresceu e engoliu a terra, criando uma nova realidade feita a partir de comunidades habitacionais suspensas na água.
Entre os maiores estão o Xangai, com cinquenta mil habitantes, o Nova Iorque, o São Paulo e o Tokio, cada qual com vinte mil.
Os balseiros (população pobre sem recurso para comprar apartamentos nas principais cidades) “arquitetaram aldeias suspensas, ligando os balões uns aos outros através de redes de cabos fosforescentes, que brilham à noite, e de intrincadas pontes de cordas. Os países desapareceram, mas as cidades continuam a existir. O que se passa é que agora viajam” diz o texto de Agualusa.
De acordo com o autor, os dirigíveis arquitetados criaram “uma nova toponímia móvel” .
A partir deste texto, os alunos recriaram espaços e projetam-nos em imagens que agora estão expostas na Galeria Arco Oito, a partir de amanhã, às 21h30.