Segunda maior manifestação de religiosidade popular dos Açores, a seguir ao Espirito Santo, realiza-se entre 19 e 25 de maio
O bispo de Fall River, D. Edgar da Cunha, vai presidir às festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres que se realizam em Ponta Delgada de 19 a 25 de maio. Com ele estarão igualmente os bispos de Angra, D. João Lavrador e emérito de Angra, D. António de Sousa Braga.
As festas em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres, uma das maiores festas religiosas dos Açores, mantém a mesma matriz apesar deste ano o Santuário, que as organiza em conjunto com a Irmandade do Senhor Santo Cristo, ter um reitor novo. O Cónego Adriano Borges, um dos mais jovens reitores de sempre, está há um ano à frente do Santuário e embora tenha sido sempre um peregrino destas festas, este ano “a responsabilidade e o sentido de serviço comprometem de maneira diferente”.
“Para mim é um momento de ação de Graças ao Senhor Santo Cristo por poder participar uma vez mais nestas festas mas, este ano, como reitor do Santuário o que me responsabiliza mais” disse o sacerdote ao Igreja Açores.
“Já não estarei apenas como peregrino mas como primeiro responsável e por isso o que desejo é que estas festas sejam um momento que contribua para o fortalecimento da fé de todos os peregrinos” acrescentou sublinhando “a responsabilidade, o compromisso e o sentido de serviço à igreja” que esta organização acarreta.
O atual bispo de Fall River, D. Edgar da Cunha, é brasileiro e presidirá a estas festas pela primeira vez. Foi nomeado bispo nesta importante cidade norte americana, onde reside uma significativa comunidade açoriana oriunda da ilha de São Miguel, em julho de 2014.
O prelado nasceu no dia 21 de agosto de 1953 em Nova Fátima, na Bahia, e completou os estudos filosóficos no Brasil antes de concluir a formação teológica nos Estados Unidos da América, onde foi ordenado padre em 1982 na congregação dos vocacionistas, onde exerceu o cargo de mestre de noviços de 1994 até 2000.
João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Newark em 2003 e desde 2013 era também vigário episcopal desta arquidiocese.
Com ele estarão igualmente os bispos de Angra, D. João Lavrador e D. António Sousa Braga (Emérito) que participarão nas duas procissões que se realizarão no sábado e no domingo- mudança da imagem e procissão solene, respetivamente- que atraem a Ponta Delgada milhares de fieis.
Um dos momentos altos da festa é a Eucaristia de domingo (dia 21) que, mais uma vez, será transmitida pela RTP Internacional.
A procissão da mudança é a “primeira grande marca” desta festa e acontece quando o provedor da Irmandade bate à porta do carro, no Convento da Esperança e as religiosas de Maria Imaculada, zeladoras da imagem, a entregam por um período de dois dias, à guarda da Irmandade.
Além de percorrer o Campo de São Francisco, acompanhada de fiéis que cumprem as suas promessas, a imagem fica depois durante uns momentos no adro da igreja do Santuário e regressa ao coro alto de onde sai à noite, em procissão de velas, para a Igreja de São José.
No domingo tem lugar a procissão solene pelas principais artérias de Ponta Delgada, num percurso que passa em todas as igrejas e conventos da cidade.
As ruas da cidade são revestidas de tapetes de flores naturais e as varandas cobertas com colchas.
A imagem estará coberta com uma capa em veludo e bordada a ouro suja proveniência só será desvendada na sexta feira em que começam as festas.
A imagem do Senhor Santo Cristo venerada no Arquipélago dos Açores, do século XVI, é uma representação em madeira da Paixão de Cristo e está aberta ao culto no Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada.
O culto a esta recriação do ‘Ecce Homo’ – ‘Eis o homem’, expressão atribuída a Pôncio Pilatos durante o julgamento de Jesus no Sinédrio – intensificou-se no século XVIII através da obra da irmã clarissa Teresa da Anunciada.