João Lopes fala em filme «esplendoroso e tocante»
O filme ‘Silêncio’, do realizador norte-americano Martin Scorsese, chega hoje às salas de Cinema em Portugal, apresentando a experiência dramática da missionação no Japão do século XVII, entre o martírio e a apostasia de leigos e padres, incluindo jesuítas portugueses.
João Lopes, crítico de cinema, refere à Agência ECCLESIA que a obra – desejada por Scorsese desde 1989 – teve um resultado “esplendoroso e tocante”.
O filme de Martin Scorsese evoca a perseguição de milhares de cristãos no território nipónico durante o Xogunato Tokugawa, que baniu o catolicismo e quase todo o contacto com o estrangeiro, com interpretações de Liam Neeson, Adam Driver, e Andrew Garfield.
O realizador centra o seu trabalho no percurso de duas personagens, identificadas como jesuítas portugueses, Sebastião Rodrigues e Francisco Garupe – particularmente no primeiro -, que partem à procura de outro sacerdote da Companhia de Jesus, Cristóvão Ferreira (1580-1650), este uma figura histórica, que teria renunciado à fé cristã após ser torturado.
João Lopes sustenta que o filme foi pensado para “crentes e não-crentes”, colocando a questão da “relação” com o que transcende o ser humano.
“O filme pergunta, sem dar respostas definitivas, até que ponto o exercício da fé pode pôr em causa a vida do nosso semelhante”, acrescenta.
Uma questão abordada com “seriedade” e que, segundo o crítico de cinema, tem “ressonâncias atuais muito vivas”.
“O Silêncio, de Martin Scorsese, é um filme que acredita do outro lado está ou pode estar um espetador que não desistiu de pensar”, realça João Lopes.
Já o jornalista Nuno Galopim realça que a nova obra do realizador norte-americano retoma temas do seu trabalho, como “a dúvida, a entrega a um ser maior”.
“A figura do inquisidor japonês traduz a ideia de choque de culturas que está também por trás destes encontros”, acrescenta.
A mais recente edição do Semanário ECCLESIA – ‘Dúvida e martírio, de Portugal ao Japão’ – dedicada ao filme ‘Silêncio’, traz uma entrevista ao realizador Martin Scorsese à ‘America Magazine’ e diversas análises e opiniões sobre esta presença cristã no Japão.
(Com Ecclesia)