Clero açoriano destaca a necessidade e prioridade da formação de leigos
O clero açoriano está “na generalidade” de acordo com a proposta de reorganização territorial da diocese, com a manutenção da figura do vigário episcopal e salienta a “necessidade e prioridade” da formação de leigos.
O comunicado da 42ª sessão plenária do Conselho Presbiteral, apresentado esta tarde em conferência de imprensa, no Seminário Episcopal de Angra, na ilha Terceira, sublinha que com “o intuito de uma melhor dinamização, apoio e coordenação das comunidades, e expressão da comunhão entre ouvidorias, o conselho apresentou as suas propostas e tendências acerca da organização territorial da diocese, apoiando a figura do vigário episcopal”.
O comunicado destaca também a importância que os sacerdotes- cúria, ouvidores, diretores de serviços e comissões diocesanas- deram “à necessidade e prioridade da formação dos fieis, sendo favorável à criação da vigararia da formação para o clero e laicado, que coordene e dinamize eficazmente este sector”.
O que ainda não ficou esclarecido é o número de vigários episcopais que será definido. À partida a proposta que constava do instrumento de trabalho deste Conselho apontava para a criação de três zonas, cada uma gerida por um vigário episcopal, mas “ainda falta ouvir o Conselho Pastoral Diocesano e esgotar todas as instâncias de consulta para que se possa avançar com uma decisão definitiva” disse o bispo de Angra, durante a conferência de imprensa onde foi lido o comunicado do Conselho, no final dos trabalhos, o que já não acontecia há alguns anos.
“Neste conselho demos um passo no sentido de afirmar a importância da ministerialidade dentro da igreja, sublinhando o papel de outros ministérios, para além do bispo e dos sacerdotes, como o diaconado e os leigos”, afirmou D. João Lavrador destacando que esta “consciência é importante para o crescimento da própria diocese”.
“O que procurámos fazer foi refletir sobre a igreja no seu todo, interligada e mais articulada com a realidade geográfica”, precisou o prelado que não quis adiantar se vão ser criados quatro ou menos vigários episcopais.
“A decisão só será tomada depois de esgotadas todas as audiências que devem ser feitas”, referiu o bispo de Angra lembrando, no entanto, questões de natureza canónica: “se o bispo quiser governar a diocese sozinho é uma coisa; agora se quer ajuda tem de ter um conselho episcopal e isso exigirá a nomeação de vigários episcopais, não há volta a dar”, concluiu.
No que respeita à prioridade diocesana deste ano pastoral- a pastoral social- o Conselho Presbiteral fez uma avaliação do trabalho já desenvolvido que permitiu a “reestruturação e dinamização” da ação social mas “o interesse, formação e dinamização denota ainda lacunas e deficiências graves””, refere o comunicado.
“Este sector também evidencia que existem novas formas de pobreza em crescimento que exigem maior empenho por parte de todos os intervenientes públicos, privados e eclesiais, de que se destacam a solidão e abandono, a doença mental, a pobreza infantil, os reclusos, a pobreza envergonhada, a violência doméstica, a toxicodependência e outros tipos de dependência” refere ainda o comunicado.
“Pretende-se uma maior articulação das várias iniciativas, procurando as razões de iniquidade que enformam a pobreza, e tendo como finalidade a promoção da pessoa humana no seu todo” adianta reforçando que “continuará a ser uma prioridade pastoral para a diocese, determinando-se posteriormente as áreas de atuação”.
O Conselho acentuou, finalmente, a necessidade de valorizar o espirito sacerdotal “potencializando as suas qualidades, de modo que a comunhão seja vivida, sensível e visível, no respeito pela diversidade de sensibilidades que enriquecem o presbitério”.
O comunicado termina com “uma interpelação” a todas as comunidades cristãs açorianas a ser “uma igreja pobre para os pobres”.
“A nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífica das suas vidas”, conclui o comunicado.
Durante três dias o clero açoriano esteve reunido em Angra para debater uma proposta do prelado de reorganização diocesana que prevê a criação de três zonas pastorais, nomeadamente uma em São Miguel e Santa Maria; outra na Terceira, São Jorge e Graciosa e a Terceira, reunindo as ilhas do Pico, Faial, Flores e Corvo.
Esta proposta vai ser igualmente discutida no Conselho Pastoral Diocesano que se realizará no fim do mês de janeiro.
(Noticia actualizada às 21h30 )