Pe Carlos Simas abriu a quadra natalícia com uma celebração no Lar de Idosos da Misericórdia da Maia
O ouvidor eclesiástico dos Fenais da Vera Cruz inaugurou a quadra natalícia com uma celebração no lar da Santa Casa da Misericórdia do Divino Espírito Santo da Maia, e pediu uma maior atenção e consideração pelos mais idosos.
“Quero iniciar a quadra natalícia com esta missa, neste lar de modo a que possa trazer, pelo meu testemunho, a Palavra de Deus que nos aquece o coração em toda a nossa vida, mostrar a minha inteira disponibilidade para trabalhar em conjunto com esta instituição a procurar caminhos de esperança e caridade e unir as mãos e trilharmos caminhos de misericórdia para com aqueles que mais precisam” disse o Padre Carlos Simas este sábado durante a homilia da missa que celebrou no lar da Santa Casa da Misericórdia da Maia.
“Vir a um lar de idosos não é vir a um depósito de velhos, afirmo com toda a firmeza que não. Visitar um lar de idosos é visitar um cofre valiosíssimo e incomparável a qualquer instituição bancária. É entramos na máquina do tempo e encontramos as nossas verdadeiras raízes!” disse o sacerdote deixando um caderno de encargos para os que trabalham na instituição.
“É tarefa importantíssima, de cada funcionário, não lidar com o idoso como um material sem sentimento, mas como um ser frágil que, muitas vezes longe daqueles a quem dedicou toda a sua vida, sente a dor, a solidão, a tristeza e muitas vezes prefere sofrer em silêncio e não expressar com ninguém”, salientou.
Referindo-se à velhice como um processo normal da vida, o sacerdote pediu aos mais novos para respeitarem os direitos de todos a terem um fim de vida digno.
“Hoje, a maior parte dos que estamos aqui tem a sua própria mobilidade, a sua independência, mas alguma vez já paramos para pensar qual será ou como será o nosso fim?”.
O ouvidor eclesiástico dos Fenais da Vera Cruz lamentou, ainda, o facto da sociedade de hoje valorizar mais os direitos dos animais do que das pessoas idosas, por exemplo.
“Digo isto não que não goste de animais porque gosto e os respeito, mas para ressalvar que hoje já se pode matar um filho dentro da sua própria mãe, caminha-se para se poder matar uma pessoa que não tem a capacidade de transmitir se quer ou não continuar a viver através da eutanásia. Anunciamos e praticamos mais atos de morte do que de vida”, precisou o sacerdote.
O Padre Carlos Simas falou também da idolatria do dinheiro, da “ganância e da inveja”.
“Por vezes destruímos as nossas vidas porque somos gananciosos, invejosos, porque nos falta o verdadeiro sentimento. Transformamos o local do nosso trabalho numa autêntica selva onde se lutam pelos poderes”, acrescentou.
Depois deixou um apelo a todos os presentes: aproveitar este Natal para fazer uma revisão de vida que assente no amor.
“O Natal não é verdadeiro na abundância, é verdadeiro na partilha e na pobreza”, disse.
“O mundo precisa ser melhor. Estes idosos deram o seu melhor. Não foram necessários grandes estudos, não foram procurar nada a enciclopédias, porque a vida foi dando a sabedoria. Pois aproveitemos a sua sabedoria para aprendermos o caminho de uma vida simples mas perto da felicidade em Deus” concluiu.