Igreja Açoriana “escreve” ao menino Jesus

Iniciativa dura nas quatro semanas do Advento

Para celebrar este novo tempo litúrgico, que impõe reflexão, encontro e esperança, o Sítio Igreja Açores promoveu uma nova rubrica no seu site intitulada Cartas ao Menino Jesus.

Trata-se de uma iniciativa que pretende dar a conhecer as reflexões de responsáveis eclesiásticos, religiosos e leigos da igreja católica insular nesta quadra de preparação para o Natal.

Durante as quatro semanas do Advento serão publicadas várias cartas dos ouvidores, dos dirigentes dos principais movimentos e também de religiosos e instituições católicas.

Em “Cartas ao Menino Jesus” pode ir lendo os desejos e os anseios de uma igreja em saída, centrada nos desafios sociais de luta contra a pobreza e de olhos postos na intercessão de Nossa Senhora.

Neste espaço pode encontrar já uma carta do Colégio de Santa Clara, em Angra do Heroísmo, escrita pela professora Ana Bretão que apela a que o Menino Jesus possa contagiar a sociedade com o seu espirito simples “porque o Natal é muito mais evidente quando nos calamos, nos despimos das roupagens exageradas de festa e ficamos olhos nos olhos com a forma absoluta do Amor”.

“Depois, procuramos os outros e enchemos-lhes os braços com aquilo em que formos melhores. Os outros, mesmo sem o saberem, têm sempre os braços abertos” refere a docente.

Também do Colégio de São Francisco Xavier, em Ponta Delgada,  vem um desejo: “que a sociedade não se deixe envolver, apenas, neste espírito consumista e Te deixe desalojado, como diz no evangelho “Não havia lugar para Ele na hospedaria”, não permitas que fiquemos na escuridão do supérfluo, faz com que, tal como os Magos, sejamos guiados de coração aberto a acolher-Te na pessoa do irmão que está ao nosso lado”, refere a diretora da instituição, Ir. Domingas Lisboa.

Na carta, a responsável pela instituição expressa ainda vários desejos, sempre de olhos postos nos mais frágeis: “por aqueles que em busca de um futuro digno se deslocam para terras desconhecidas, enfrentando o medo e a morte, lhe tragas a luz de uma vida melhor. Que libertes o mundo da prepotência, do poder, do egoísmo dos governantes, trazendo-lhes a luz da misericórdia, da caridade e da justiça, para que governem com responsabilidade e sabedoria”.

De olhos postos no mundo atual, também o Cónego Francisco Dolores, reitor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Angra do Heroísmo, escreveu já ao Menino Jesus destacando que “Os sinais dos tempos de hoje clamam para que continues a tocar-nos com a Tua bondade e misericórdia infinitas”.

“Apesar de muitos se batizarem, continuamos a ver cristãos adormecidos, mais amigos das trevas da noite, do que a plena luz do dia. Mas não faltam as dezenas de milhar de cristãos que são perseguidos pelo seu amor a Jesus e aos irmãos” refere o sacerdote.

O Cónego Francisco Dolores deixa ainda alguns desejos expressos: “Amor sem fingimentos nem hipocrisias farisaicas. Sem exclusão dos pobres, dos famintos, dos chorosos, dos mansos, dos puros de coração, dos pacíficos, dos que sofrem por amor da justiça”, sem esquecer os refugiados e os despojados da guerra, sobretudo na Síria.

Já o ouvidor eclesiástico da Povoação, Pe. Ricardo Pimentel, pede tempo para “amar e deixarmo-nos ser amados”.

“Podem os mais incautos pensar: e as agressões aos mais pobres e indefesos, e os egoísmos desta sociedade fechada num individualismo crónico, e o aborto que ceifa a vida sem lhe dar a oportunidade de participar, etc, etc, etc. Tudo por falta de amortudo relacionado com a falta de tempo para se deixar amar por Deus… QUEM SE SENTE AMADO NÃO AGRIDE, NÃO ODEIA, NÃO OFENDE NEM SE ISOLA!”, conclui o sacerdote de São Miguel.

O Advento, que iniciou um novo ano litúrgico, centrado no Evangelho de Mateus, começou no passado fim de semana.

 

Scroll to Top