Diocese de Angra associa-se à celebração este ano santo na Cova da Iria
O Santuário de Fátima iniciou hoje o Ano Jubilar do Centenário das Aparições, com a passagem do pórtico jubilar, no alto do Recinto de Oração, e a Missa na Basílica da Santíssima Trindade.
No ano em que o Santuário assinala de forma celebrativa os 100 anos das aparições de Nossa Senhora aos Pastorinhos são várias as dioceses que se associam à efeméride, entre elas a de Angra.
“Exige-o o facto de celebrarmos no ano de 2017 o Centenário das Aparições de Nossa Senhora de Fátima, no qual a diocese terá de se associar e participar”, refere o bispo da diocese açoriana, na nota introdutória ao programa, que define as orientações diocesanas de pastoral para 2016/2017.
De resto, o programa pastoral diocesano é inspirado numa frase atribuída à Virgem Maria, nos Evangelhos: “Fazei o que Ele vos disser”.
D.João Lavrador sublinha que esta opção resulta de “uma forte interpelação pastoral vinda da comunidade diocesana que manifesta uma devoção invulgar pela Santíssima Virgem Maria presente em toda a sua piedade popular”.
“Este apelo vindo da Mãe de Jesus força-nos a estar atentos, vigilantes e corresponsáveis pela sorte dos nossos irmãos que padecem alguma provação, nomeadamente os pobres e os excluídos da sociedade” sublinha, na nota introdutória do Programa Pastoral Diocesano 2016/2017.
Este ano jubilar em Fátima foi criado por decreto apostólico e prolonga-se até dia 26 de novembro de 2017. Durante este período o Santuário estará em festa e será concedida a indulgência plenária do jubileu aos fiéis que visitarem em peregrinação o Santuário de Fátima.
Na homilia da celebração deste domingo, o bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto, disse que a evocação das aparições na Cova da Iria e o início de um novo ano litúrgico, com o tempo do Advento, rumo ao Natal, se ligam pela necessidade de reconhecer que “é hora de despertar”.
“Foi esta advertência que Nossa Senhora fez ecoar aqui em Fátima, com uma urgência impressionante, para a humanidade que esquecera Deus, que vivia de costas voltadas para Ele e caminhava para a catástrofe da guerra e da destruição”, referiu o prelado.
O bispo de Leiria-Fátima falou num “horizonte da esperança” e de paz que marcou a mensagem deixada aos pastorinhos, em 1917, “pela defesa da dignidade dos oprimidos e dos inocentes, vítimas de guerras e genocídios sem precedentes na história”.
Os peregrinos começaram o percurso com a oração do Rosário, às 10h00, na Capelinha das Aparições, seguindo depois em procissão, com a imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima até à Basílica, numa passagem pelo pórtico jubilar.
“Que a passagem pelo Pórtico do Jubileu seja o sinal exterior de que entramos em peregrinação interior e queremos deixar-nos guiar pela Virgem Santa que é mãe e sabe como conduzir-nos até Deus. Deixemo-nos, pois, guiar por Ela neste tempo de perturbação e de esperança”, pediu D. António Marto.
Já este sábado, durante a jornada de abertura do Ano Jubilar, o bispo de Leiria-Fátima tinha afirmado que o Centenário das Aparições é uma afirmação da necessidade de diálogo, da “construção de pontes” para por limites “à força devastadora do mal” e desafia ao compromisso pela “justiça e a paz”.
“Todos nós estamos ligados a Fátima não para cumprir um dever, mas para assumir um compromisso de mudança, a nível pessoal de mudança de vida, de qualidade de vida espiritual e sobretudo o compromisso da justiça e da paz que é essencial na mensagem”, disse D. António Marto.
Em declarações aos jornalistas em Fátima, na Jornada de Abertura do Ano Jubilar, o bispo da diocese disse que o Centenário das Aparições é um “ano de ação de graças pelo dom que é Fátima”, que apela à “diplomacia do diálogo, do encontro e da reconciliação”.
D.António Marto referiu-se à “força devastadora do mal”, aos “muros ideológico, políticos e económicos” e à necessidade de propor, a partir da Mensagem de Fátima, a “construção de pontes” que garantam uma “maior “dignidade de vida”.
“Dá impressão que os povos e os políticos se mostram incapazes de responder a esta situação”, referiu o bispo de Leiria-Fátima.
Para D. António Marto, o Ano do Jubilar convida também a “fazer uma experiência da misericórdia”, em continuidade com o Ano Santo que a Igreja Católica viveu, lembrando “a misericórdia de Deus que se inclina sobre a humanidade”, após as aparições no contexto de duas grandes guerras e, na atualidade, por causa de “uma série de conflitos, uma fragmentação enorme que impede consensos e desfaz a coesão social”.