COLÉGIO DE SANTA CLARA – 50 ANOS A EDUCAR

O Portal da Diocese dá voz a ex alunos para memória futura. Hoje.

Numa altura em que o Colégio de Santa Clara, em Angra do Heroísmo, assinala 50 anos de existência, com uma sessão solene no próximo sábado, dia 8, o Portal da Diocese associa-se à direção do Colégio e volta a publicar mais dois textos de opinião de ex alunos sobre a escola.

 

O Colégio de Santa Clara é uma escola católica Franciscana Hospitaleira, conforme o Carisma da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, legado pelos seus Fundadores Padre Raimundo dos Anjos Beirão e Madre Maria Clara do Menino Jesus que possui vários níveis de ensino desde a creche, jardim de infância, 1º e 2º ciclos.

 

Ieva Dapkevicius

Passei seis anos em Santa Clara, menos de metade da minha (não muito extensa) vida. Parecem mais, como se o fantasma do eu de sete anos ainda brincasse às escondidas entre as árvores, como que suspenso no tempo.

 

Quando me recordo do Colégio é assim que o vejo, através dos olhos da infância. As visitas tornam-se, por isso, um pouco desconcertantes: à primeira vista, tanto mudou! Os edifícios já não são os mesmos, o pátio em que dantes construía castelos de areia está diferente. O meu jovem fantasma detém-se, hesita.

 

Mas eu, no presente, sei que este é o mesmo lugar em que cresci: as caras conhecidas ainda lá estão. As pessoas que me ajudaram a crescer ainda me reconhecem, quando nos cruzamos pela rua. Ainda existe a grande família que, ao cabo de meio século, continua a crescer. Há murais que ajudei a pintar, há cadeiras em que me sentei, há bancos e baloiços sobre os quais a minha imaginação projetou infinitas aventuras. Em suma, também eu ainda lá estou, nunca de lá saí. Enterrei pedaços de mim na areia, nos anéis das árvores que entretanto cresceram e nos lápis de cor das salas de aula. Eu (e tantos outros) tenho memórias escondidas em cada canto do Colégio.

 

É estranho explicar a quem não lá esteve o meu apego a esta instituição. Quem por lá passou decerto compreenderá com maior facilidade: temos espaço para dar asas à imaginação, para correr e para estar ao ar livre, mas, mais do que isso, temos quem nos acompanhe e nos ensine a caminhar. Temos uma comunidade à qual pertencemos e para a qual contribuímos. Enquanto estive no Colégio, nunca compreendi como é que alguém poderia odiar a escola, quando para mim o dia-a-dia era tão interessante (claro, mais tarde vim a descobrir que nada é tão simples quanto isso, mas essa já é outra história). Lá, criei ligações para toda a vida, de que a minha turma é um excelente exemplo: passados onze anos, quase uma dezena dos meus colegas são os mesmos que se sentaram na sala de aulas comigo, no primeiro dia do primeiro ano.

 

Tenho, por isso, de vos agradecer. Pelo vosso carinho e atenção, pela educação excecional que oferecem a tantos jovens, por acreditarem nos nossos sonhos e nos ajudarem a alcançá-los – tudo isto torna o Colégio uma casa para quem lá estudou.

 

Se não fosse o auxílio da Irmã Helena e da minha muito querida professora Paula Martins, nunca teria publicado o meu livro (o que, vendo bem, talvez não fosse tão prejudicial quanto isso para a história da literatura mundial). O livro em causa mal passa de um folheto, mas o que conta é que no Colégio ninguém se riu de mim quando, na minha seriedade de nove anos, revelei as minhas intenções de o publicar. Incentivaram-me, sim, a tomar essa iniciativa e concretizar o meu sonho. De imediato, contactaram a impressora e outro jovem artista, e, para meu grande assombro, provaram-me que tudo é possível, mediante a dose certa de força de vontade. Por tudo isto, obrigada.

 

Sei que não sou a única a sentir a nostalgia da infância. Na minha memória, esses eram tempos mais fáceis e despreocupados, e talvez por isso mais felizes, dos quais o Colégio de Santa Clara foi, para mim, um dos grandes pilares. Continuem a proteger essa felicidade e a desenhar sorrisos nos rostos das famílias; afinal, não há bem mais precioso.

Ex-aluna do Colégio de Santa Clara

Ieva Dapkevicius

Maria de Castro Horta Lopes

Colégio de Santa Clara, o lugar, o ambiente e as pessoas que acompanharam a minha infância, que comigo brincaram e que me viram brincar, que comigo cresceram e que me viram crescer.

 

Nesta instituição reforcei valores como a justiça e a honestidade, aperfeiçoei comportamentos e condutas, aprendi a valorizar a partilha, a entreajuda e a amizade. O Colégio forneceu-me não só as bases sólidas em que alicercei o meu conhecimento mas também valores que regem a minha personalidade.

 

Todo o carinho que me dispensaram ainda hoje se repercute no meu dia-a-dia. Sempre que me cruzo com algum professor, educadora ou funcionário do Colégio surge espontaneamente um sorriso nos meus lábios, uma sensação de bem-estar e de tranquilidade.

 

Guardo com saudade todos os bons momentos que passei no Colégio, em que vesti a farda, em que participei nas festas, em que toquei flauta, em que dancei ballet. Recordo com nostalgia as celebrações do Dia do Colégio, as festas de Natal e de Carnaval, as demonstrações de ginástica, as corridas no pátio, os jogos na sala de convívio, as maçãs carinhosamente cortadas que escondia sorrateiramente, para à primeira oportunidade, atirar para a grota (ainda hoje tenho esperança de lá ver crescer uma macieira…).

 

Por toda a amizade que me dispensaram e me continuam a dispensar, por toda a influência do Colégio na construção da minha forma de ver, de sentir, de estar e de ser, direi sempre com orgulho

“Santa Clara é o meu colégio”!

Ex-aluna do Colégio de Santa Clara

Maria de Castro Horta Lopes

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