Novos e velhos, juntam-se uma vez por ano, em todo o arquipélago dos Açores para assinalar a festa das estrelas, uma tradição que marca do fim dos festejos de Natal.
Acompanhados de violas, clarinetes, guitarras, acordeões, tambores, ferrinhos, instrumentos de sopro, harmónicas e pandeiretas, os ranchos de cantares às estrelas saem amanhã à rua nos Açores, para celebrar a noite grande das estrelas que assinala o fim dos festejos de Natal.
É nesta altura que, em alguns lares açorianos, são desmontados o presépio e a árvore de Natal, feitos no dia 8 de dezembro. Nesta noite canta-se para homenagear Nossa Senhora da Estrela.
São novos e velhos que se juntam em harmonia de vozes e de instrumentos, improvisando estrofes cantadas, de porta em porta, visitando os amigos, que têm a mesa posta com as iguarias próprias de um dia de festa, nomeadamente os doces e os licores caseiros.
Hoje a dimensão da festa das Estrelas já é de tal maneira significativa que há cartazes culturais feitos especificamente para assinalar este dia e levar a cada um dos lugares onde se celebram as estrelas, mais gente.
É o caso da Ribeira Grande, em São Miguel, onde de há 20 anos a esta parte há um cartaz próprio, organizado pela Câmara Municipal, com um desfile pela Rua Direita até aos Paços do Concelho, com a participação de vários grupos.
Também a Câmara Municipal de Ponta Delgada promove a iniciativa, que vai contar com 11 grupos de cantares, que vão atuar nos Paços do Concelho a 1 de fevereiro.
Em Vila Franca do Campo, este ano canta-se às estrelas já esta noite de 31 de janeiro, prevendo-se a participação de 20 grupos, envolvendo mais de 600 participantes, dos quais 150 são crianças, que vão percorrer a rua principal da Vila, terminando com uma cantata no Largo do Município.
Amanhã, a partir das 20h30, também se Canta às Estrelas na Lagoa e na Candelária, uma freguesia do concelho de Ponta Delgada, cuja igreja paroquial tem como principal orago Nossa Senhora das Candeias, também conhecida por Nossa Senhora da Estrela.
A noite das estrelas é, de resto, a mais esperada de todas as noites nesta freguesia rural do concelho de Ponta Delgada, onde grupos de cantadores, trajados a rigor, improvisam quadras em jeito de preces, para louvar a Senhora das Candeias.
As celebrações começam com uma missa cantada, durante a qual são distribuídas, a todos os presentes, candeias previamente benzidas. Estas candeias são levadas para casa e, geralmente, são acesas pelos fieis, em momentos de maior aflição.
Trata-se de uma tradição a que aderem cada vez mais jovens que confecionam estes artefactos como os seus antepassados: 50 pavios feitos de barbante, fio de estopa de linho ou fios de algodão, dobrados oito vezes na medida estabelecida, são pendurados numa roda, a que se junta depois parafina e cera.
O culto a Nossa Senhora das Candeias remonta ao século V, quando o Papa Gelásio I instituiu a festa para afastar os cristãos das celebrações pagãs ao deus Luperco.
Grupos de católicos saiam à rua para louvar a purificação de Maria, Virgem Mãe, invocando a luz que guia e ilumina todos os cristãos.
Esta festa é igualmente assinalada na Candelária, na ilha do Pico.