Serreta prepara-se para o “maior” fim de semana no ano em que celebra 10º aniversário de elevação a Santuário

Nossa Senhora dos Milagres recebe peregrinos de todos os cantos da ilha

Milhares de peregrinos de toda a ilha Terceira, nos Açores, começam a dirigir-se ao Santuário da Serreta, onde decorrem desde o dia 2 até dia 13 deste mês, as festas de Nossa Senhora dos Milagres, que vão ser presididas pelo bispo de Angra D. João Lavrador.

Trata-se de uma celebração duplamente jubilar na medida em que se vive o jubileu da misericórdia e também o décimo aniversário de elevação a Santuário Diocesano, um dos dois santuários marianos da diocese de Angra.

O novenário de preparação para a festa começou no passado dia 2, com pregações de diferentes sacerdotes, animado por grupos e movimentos eclesiais distintos ( dia 2- Filarmónica Recreio Serretense, Pe. Tomás Brito; dia 3- Mensagem de Fátima, Pe.José Júlio Rocha; dia 4- Grupos corais, Cónego João Maria Mendes; dia 5- Leitores e Acólitos, Cónego João de Brito; dia 6- Famílias de Nossa Senhora; dia 7- Catequese, Cónego António Henrique Pereira; dia 8- Idosos, Pe. José Júlio Rocha; dia 9- Franciscanos, Frei Mário Jorge, dia 10- Peregrinos, Cónego Ângelo Valadão) e começa sempre com terço meditado às 19h30, seguido da Eucaristia, às 20h00.

O ponto alto da festa é, contudo, o fim de semana de 10 e 11 de setembro, altura em que cresce o número de visitas ao Santuário. No dia 11haverá missa solene, pelas 16h00, seguida de procissão.

Na segunda feira, dia 12, terá lugar o Bodo de Leite (com o tradicional pic nic das famílias e tourada à corda) e no dia seguinte realiza-se a procissão em honra de Santo António, que encerrará as festas deste ano.

Estas festas são as mais importantes da ouvidoria da ilha Terceira e remontam ao século XVII.

O historiador terceirense Ferreira Drumond, baseado numa tradição oral, refere que a ida da imagem de Nossa Senhora dos Milagres para a Serreta se deve a um sacerdote de nome Isidro Machado que se refugiou neste extremo ocidental da ilha e construiu uma pequena ermida colocando lá a imagem de Nossa Senhora com o Menino ao colo. Por morte do padre, a imagem foi recolhida na igreja paroquial de então, a Igreja das Doze Ribeiras.

A devoção popular pela Nossa Senhora dos Milagres está ligada a fases cruciais da história terceirense. Por exemplo o século XVIII, quando Portugal se viu envolvido na guerra entre a França e a Espanha contra Inglaterra.

Encontrando-se a ilha Terceira “desprovida de fortificações e pouco defensável”, as autoridades militares e civis ao depararem com a imagem de Nossa Senhora dos Milagres, na Igreja das Doze Ribeiras, formularam um voto de se “tornarem seus escravos e promoverem-lhe festa anual se a ilha não sofresse qualquer investida inimiga. E porque assim sucedeu se firmou o voto, subscrito pelos principais cavalheiros militares e eclesiásticos, autoridades e algumas damas de fé”.

A primeira festa foi celebrada a 11 de setembro de 1764, altura da fundação da Irmandade dos Escravos de Nossa Senhora, mas a sua realização não foi continua. Só a partir de 1842, altura em que foi construída a igreja paroquial da Serreta e elevada a paróquia 20 anos depois, a Festa foi ganhando novos contornos atraindo muitos angrenses. Desde então a festa realiza-se todos os anos.

Em apenas três dias chegam ao santuário cerca de oito mil peregrinos, fora os que anualmente visitam este templo, elevado há 10 anos anos, ao estatuto de Santuário Diocesano, por D. António de Sousa Braga.

O primeiro desafio é acolher e escutar os peregrinos; depois evangelizar e disponibilizar os sacramentos confiados por Cristo à Igreja aos que os procuram.

Esta festa está também associada a outra de cariz mais popular conhecida como a Segunda Feira da Serreta, que atrai centenas de famílias para um pic nic. À semelhança de outros anos, o Governo Regional dos Açores concede tolerância de ponto aos funcionários da Administração Pública Regional, cujos serviços estão sediados na Terceira, por ocasião da tradicional festa da Segunda-feira da Serreta.

O despacho assinado por Vasco Cordeiro salienta “a importância de que o evento se reveste para a população da ilha Terceira e que se traduz numa grande adesão e participação nas manifestações que se realizam naquela data”.

 

 

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